Ministro que é preciso avançar em prevenção para combater pedofilia
Para ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, que muito se fala sobre punição do crime, mas pouco sobre conscientização
Agência Brasil
Publicado em 18 de maio de 2018 às 19h01.
O ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, disse hoje (18) que é preciso avançar mais na prevenção para combater o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes e que a conscientização é fundamental para atacar o ponto principal.
"Muito se fala no combate, na punição, mas quando falamos nisso, estamos falando após o cometimento do crime, estamos deixando de lado a prevenção, que é o mais importante. E como que se inicia a prevenção? Através da conscientização", afirmou.
Apenas em 2017, mais de 20,3 mil denúncias de abuso e exploração sexual a crianças e adolescentes foram registradas pelo Disque 100, o canal de denúncias de violações de direitos humanos. O número vem aumentando muito em razão da conscientização, segundo o ministro.
"Isso demonstra que a discussão, reforçada pelo que ocorreu ontem (17) [a operação da Polícia Federal contra pornografia infantil], precisa ser constante. Percebemos que em anos anteriores, no mês de maio, em razão do dia 18, há um aumento da militância, e isso deveria ser o ano todo", ressaltou Rocha, durante participação na 2ª edição do Fórum Exploração Sexual Infantil, em São Paulo, promovido pelo jornal Folha de S. Paulo.
O dia 18 de maio é lembrado como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Ele foi instituído pela Lei 9.970, em 2000, em memória à menina Araceli, que foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta de Vitória (ES), em 1973, quando tinha 8 anos de idade. O crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune.
A proposta do 18 de maio é mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos sexuais de crianças e adolescentes.
Para a secretária Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Berenice Giannella, o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes passa por três vertentes: boa legislação, políticas públicas e mudanças culturais.
"Precisamos ter essas campanhas o ano inteiro. Embora as pessoas saibam que é crime, existe uma questão de esconder ou de naturalizar isso. Acho importante que todos se engajem, não é papel só dos governos", disse, sugerindo que as empresas, por exemplo, incluam em seus treinamentos o tema do respeito a crianças e adolescentes.
Berenice ressaltou ainda a questão da naturalização da violência no Brasil. "Não é só violência sexual. Em 2017, tivemos quase 62 mil homicídios com arma de fogo, mais da metade praticados contra crianças, adolescentes e jovens. E estamos encarando isso com naturalidade. Precisamos mudar essa cultura no Brasil, não podemos mais ficar olhando tudo isso e achar que não é função de todos nós combater e que é tudo natural", disse.