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Ministro do STF diz que delação premiada está na berlinda

Usada mais intensamente nos processos de investigação a partir da operação Lava Jato, da Polícia Federal, a delação tem sido alvo de embates jurídicos


	Lava Jato: ex-ministro do STF acredita que delação premiada é algo positivo para democracia brasileira
 (Divulgação / Polícia Federal)

Lava Jato: ex-ministro do STF acredita que delação premiada é algo positivo para democracia brasileira (Divulgação / Polícia Federal)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2015 às 15h01.

São Paulo - O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto avalia que o mecanismo de delação premiada, por ser novo ainda no Brasil, "está na berlinda", mas acredita que é algo positivo para a democracia brasileira.

"A delação está na berlinda, está sob o olhar aceso dos escritórios. Não quero antecipar juízo técnico, porém não posso deixar de dizer que ela tem cumprido a função de desvendamento", disse, após participar de um debate sobre reforma política, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela TV Cultura.

Usada mais intensamente nos processos de investigação a partir da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura desvios bilionários da Petrobras, a delação tem sido alvo de embates jurídicos, em especial a partir de argumentações da defesa contra o mecanismo.

Advogados têm reclamado, por exemplo, de não terem acesso às delações.

Depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa têm trechos sob sigilo depois de o processo ter sido encaminhado para o STF por envolver nomes de políticos com foro privilegiado.

Ayres Britto acredita que o mecanismo precisa passar por uma análise jurídica profunda para ser aprimorado e reforçado, de forma a garantir o direito ao contraditório e o amplo direito à defesa.

Mas o ex-ministro avalia que isso não significa que a operação Lava Jato possa retroceder, com prejuízo à investigação.

"O Brasil de hoje está fazendo uma viagem sem volta na direção da seriedade, da tecnicalidade, da objetividade. A democracia é isso, um processo de ganho de funcionalidades, não há riscos de retrocesso."

O ex-ministro, que presidiu o Supremo à época do julgamento do mensalão, diz que o processo foi um "divisor de águas" para o país e que a Lava Jato é uma "sequência dessa compreensão geral de que o Brasil leva jeito, desde que se disponha a passar a limpo o seu cotidiano institucional"

"Estamos vivendo um momento que se caracteriza por um intercruzar de sentimentos aparentemente contraditórios. De um lado a sociedade fica desalentada com notícias como essas que estão vindo à luz, do chamado Petrolão, mas todos ficamos alentados com a percepção clara de que as instituições estão funcionando.Nunca tivemos uma Polícia Federal tão independente politicamente e tão preparada tecnicamente. Diga-se o mesmo do Ministério Público e do Poder Judiciário, isso é um alento", completou.

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