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Ministério Público acompanhará investigação sobre mortes em Paraisópolis

Até o momento, seis dos 38 PMs envolvidos já prestaram depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa

Paraisópolis: investigação vai esclarecer a morte de nove jovens em um baile funk em Paraisópolis, na madrugada do último domingo, dia 1 (Wikimedia/Divulgação)

Paraisópolis: investigação vai esclarecer a morte de nove jovens em um baile funk em Paraisópolis, na madrugada do último domingo, dia 1 (Wikimedia/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 15h36.

Última atualização em 3 de dezembro de 2019 às 15h51.

São Paulo — O Ministério Público de São Paulo vai acompanhar as investigações da ação da Polícia Militar que acabou com a morte de nove jovens em um baile funk em Paraisópolis, na madrugada do último domingo, dia 1.

O procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, designou a 1ª promotora de Justiça do I Tribunal do Júri, Soraia Bicudo Simões, para acompanhar a apuração de possíveis abusos cometidos pelos agentes na comunidade da região Sul de São Paulo.

Na segunda-feira (02), a pedido da ouvidoria das policiais, a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo assumiu a investigação da conduta dos 38 policiais que participaram da ação. A decisão partiu do comandante-geral da PM paulista, Marcelo Vieira Salles.

O porta-voz da PM, tenente-coronel Emerson Massera, afirmou que a mudança ocorreu para afastar a desconfiança com as investigações no âmbito militar. Até então, as apurações estavam concentradas a cargo do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M).

Também na segunda, seis policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), que participaram da operação, foram afastados para cumprir serviços administrativos. Com a decisão, os agentes ficam fora de operação até o final da investigação.

"Os seis policiais foram afastados pelo próprio comando da área deles, para preservá-los. A princípio, os outros não serão afastados. Tudo vai depender das apurações", afirmou o coronel Marcelino Fernandes, comandante da Corregedoria da PM.

A investigação das nove mortes em si, feita pela Polícia Civil, começou no 89° Departamento de Polícia (Portal do Morumbi). Agora está sob responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Até o momento, seis dos 38 PMs envolvidos prestaram depoimento. O caso foi registrado como morte suspeita.

Suas armas foram recolhidas para verificar se houve disparo durante a ação. Os agentes também foram submetidos a exames residuograficos, para identificar eventuais vestígios de pólvora nas mãos.

Novas imagens

Um novo vídeo compartilhado por moradores de Paraisópolis, onde nove pessoas morreram após ação policiail mostra um oficial da Polícia Militar agredindo jovens que passavam correndo, aparentemente fugindo após a confusão causada com a chegada dos policiais.

Os vídeos foram compartilhados na manhã desta terça-feira (03) por moradores da comunidade. Outros vídeos que circulam pelas redes sociais de moradores também mostram policiais com aparência similar na região, um indício de que o vídeo foi de fato filmado durante a ação policial da madrugada de domingo.

Nesta segunda-feira (02), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que a atuação da Polícia Militar de São Paulo não terá alterações após as mortes de 9 jovens na comunidade.

"A PM segue rigorosamente todos os protocolos. Isso não significa que seja infalível. Determinei que a apuração seja rigorosa e plena. Mas a política de segurança pública não vai mudar. As ações em Paraisópolis, bem como outras comunidades do estado, sejam por obediência à lei do silêncio, busca e apreensão de drogas, ou roubo de bens, vão continuar. A existência de um fato não inibirá as ações de segurança no estado de São Paulo", afirmou Doria.

No vídeo, um policial aparece na saída de um dos becos de Paraisópolis com uma espécie de cassetete. Conforme os jovens vão passando correndo, o policial os atinge com o cassetete. Além disso, também são ouvidos xingamentos por parte dos oficiais.

Para o general João Camilo Pires de Campos, secretário de Segurança Pública do estado de SP, o inquérito deve investigar quem eram os organizadores do evento e também os motociclistas que, segundo a PM, iniciaram o tumulto ao atirar contra policiais que monitoravam os arredores do baile funk.

A versão de policiais, no entanto, diverge com a de jovens que foram para o baile. Segundo a PM, os policiais perseguiram dois suspeitos em uma moto por 400 metros. Os homens entraram no baile e atiraram nos policiais.

Testemunhas, no entanto, afirmam que a polícia já chegou ao baile com uma abordagem violenta e o público teria revidado, gerando tumulto, com uso de bombas de gás e balas de borracha. Com a confusão, os frequentadores foram encurralados em becos, onde nove pessoas morreram.

Segundo os presentes, a polícia teria fechado as principais via de acesso e saída da festa e agredido presentes.

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