Minha Casa precisa de reformas, diz ministro das Cidades
Para Bruno Araújo, programa precisa passar por reformas qualitativas
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de fevereiro de 2017 às 11h56.
São Paulo - O programa habitacional Minha Casa Minha Vida precisa de mudanças qualitativas, afirmou o ministro das Cidades, Bruno Araújo.
Depois da quitação de dívidas com construtoras e do recente anúncio de reajuste nas faixas de renda, ampliando o acesso da nova classe média, o programa deverá dar um salto na questão de ocupação territorial, a fim de ser tornar "mais urbano e mais humano", afirmou o ministro.
"Agora que não temos mais cobrador batendo na porta de casa, precisamos, além de suprir a questão do déficit habitacional - atualmente na casa dos 6 milhões -, pensar nos aspectos paisagísticos e urbanísticos, pois muitos desses empreendimentos ficam marginalizados dentro do município", disse nesta segunda-feira, 20, o ministro, em seminário na Fundação Fernando Henrique Cardoso, no centro de São Paulo.
Segundo ele, entre os beneficiários do programa, as principais reclamações estão relacionadas à falta de segurança e difícil acesso a transporte e pontos de comércio.
"Há ainda muitos casos de roubo e vandalismo durante as obras, e uma das formas de reduzir isso é limitar os ambientes dos conjuntos habitacionais do programa", afirmou Araújo. O ministro mencionou ainda que pretende apostar em parcerias com outros órgãos e ministérios para melhorar a eficiência do programa e rever os parâmetros de governança e transparência.
Para este ano, está prevista a entrega de 610 mil unidades: 170 mil na faixa 1, 40 mil na faixa 1,5 e 400 mil nas faixas 2 e 3.
Outras apostas do governo na área da habitação para 2017 são o Cartão Reforma, linha de crédito para a reforma de casas em condições precárias, e a regularização fundiária, por meio da medida provisória 759, que ele chamou de "revolução silenciosa".
A professora da Universidade Federal do ABC Rosana Denaldi, que também participou da mesa no evento, afirmou que a regularização fundiária e o chamado "direito de laje" ainda carecem de muito debate. "Há vários municípios descontentes por não terem participado da discussão. É um marco muito importante para ser discutido por meio de MP sem um amplo debate com a sociedade", ponderou.
Ela, juntamente com a diretora de Planejamento da CDHU, do Estado de São Paulo, Elisabete França, atentaram para a necessidade de atrair fomento também para as favelas. "É preciso aprimorar programas habitacionais, mas sem esquecer da urbanização das favelas e de investimento em saneamento básico, já que 100 milhões de brasileiros seguem sem esgoto no País."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.