MG desapropria terreno em Mariana para Samarco fazer dique
A obra é considerada pela mineradora como fundamental para evitar novos deslizamentos de lama no período de chuvas, que começa no próximo mês
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2016 às 16h43.
Belo Horizonte - O governador de Minas Gerais , Fernando Pimentel (PT), decretou nesta quarta-feira, 21, a requisição administrativa da área em Mariana que será utilizada pela Samarco para construção do dique S-4, em local próximo à barragem de Fundão, que ruiu em 5 de novembro do ano passado matando 18 pessoas e deixando uma desaparecida.
A obra é considerada pela mineradora como fundamental para evitar novos deslizamentos de lama no período de chuvas, que começa no próximo mês.
Proprietários da área são contra a construção do dique e defendem que o local seja reservado para um memorial da tragédia.
A requisição administrativa é uma espécie de desapropriação por tempo determinado, no caso, por três anos. Ao término, a área retorna para seus proprietários. Esse sistema prevê ainda que os recursos a título de indenização sejam pagos pela empresa.
O decreto afirma que "a requisição do terreno é necessária à efetivação de medidas urgentes para construção e implantação do dique S-4", e autoriza a Samarco a adotar todas as medidas necessárias para efetivação do projeto, além de determinar que os proprietários da área autorizem a entrada de pessoal da Samarco e agentes públicos estaduais.
Acusação
A herdeira da área em Mariana onde a Samarco pretende construir o chamado dique S-4 acusa a Samarco de invadir o terreno para tentar começar a obra à força.
Lucimar Muniz, cujos avós maternos viviam na região, se recusa a vender a área por, como afirma, respeito à comunidade de Bento Rodrigues. A empresa nega.
"É mais que algo sentimental. Tem a ver com a história e a cultura das pessoas que viviam naquele local", afirma. Os antigos moradores de Bento Rodrigues defendem a criação de um monumento na região.
Lucimar afirma que não só a sua família, mas outras com propriedade na região também são contrárias à obra. O período de chuvas começa no mês que vem. Para o Ministério Público de Minas, a obra é ineficaz.
"O que deveria ser feito é a retirada de toda a lama que permanece na região", afirma o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, que afirma haver, hoje, 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos entre a represa que se rompeu e Candonga, a represa localizada no Rio Doce que reteve parte da lama que desceu da barragem, evitando impacto ambiental ainda maior.