Toffoli: com um longo histórico de ligação com o PT, ele tem sido pressionado a se declarar impedido no julgamento (AGENCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2012 às 09h52.
São Paulo - O Supremo Tribunal Federal (STF) é composto por 11 integrantes, mas é possível que um deles não esteja presente durante o julgamento do mensalão, que terá início na quinta-feira: José Antonio Dias Toffoli. Com um longo histórico de ligação com o PT, ele tem sido pressionado a se declarar impedido no julgamento.
Até agora, Toffoli tem repetido a interlocutores o que afirmou durante sua sabatina no Senado, em 2009: "Aplicarei as hipóteses legais diante de casos concretos que dizem respeito a impedimento e suspeição. Eles serão por mim levados em consideração. O fato de ter atuado em ações eleitorais para o presidente da República é algo do passado, já não faz mais parte da minha vida", argumentou.
VEJA desta semana, entretanto, traz mais uma mostra de como a situação do magistrado é delicada: Toffoli advogou, em 2000, para o próprio José Dirceu, apontado pelo Ministério Público Federal como "chefe de organização criminosa" no caso do mensalão.
A trajetória do ministro foi construída à sombra do PT e de seus braços institucionais. Ele iniciou a carreira em 1991, como consultor jurídico da Central Única dos Trabalhadores (CUT), historicamente atrelada ao PT. Depois, foi assessor do partido na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Por seis anos, Toffoli advogou para a liderança do PT na Câmara Federal. Na gestão da petista Marta Suplicy à frente da prefeitura de São Paulo, foi chefe de gabinete da Secretaria de Implementação das Subprefeituras.
Ele trabalhou para o PT e para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em três eleições consecutivas. Em 2002, o partido pagou o publicitário Duda Mendonça com recursos de caixa dois em uma conta no exterior. O episódio veio à tona justamente durante o escândalo do mensalão e transformou o marqueteiro em um dos réus do processo que Toffoli poderá julgar.
Sob a guarida de José Dirceu, o ministro também ocupou a subchefia para assuntos jurídicos da Casa Civil no primeiro governo Lula. Em julho de 2005, no mês seguinte ao estouro do mensalão, deixou o governo para dedicar-se à advocacia privada. Voltou em 2007 como advogado-geral da União, a última escala antes de chegar ao STF.
Além de toda a trajetória, a mulher dele, Roberta Maria Rangel, advogou para três réus no processo: José Dirceu, Paulo Rocha e Professor Luizinho.