Henrique Meirelles na coletiva sobre a medidas do BC: objetivo é inibir "bolha" no crédito (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2011 às 18h29.
São Paulo - O ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles afirmou hoje que os principais desafios para o Brasil no médio prazo são "ampliar a infraestrutura física, humana, e a produtividade". Para ele, contudo, o País está bem preparado para enfrentar estas questões, pois alcançou um padrão de estabilidade econômica consolidado e desfruta de solidez de fundamentos macroeconômicos que não havia em 2003, quando ele passou a dirigir o BC.
Em palestra no evento Macro Vision, realizado pelo banco Itaú BBA, Meirelles destacou que a principal dificuldade da economia mundial é o "equilíbrio instável" entre países altamente consumidores que poupam pouco e nações que economizam muito e gastam uma fração pequena de sua renda. No primeiro caso estão algumas nações desenvolvidas, enquanto no segundo grupo estão países asiáticos, com destaque para a China. "Quanto mais harmonioso for feito este ajuste entre os dois lados, mais suave será a solução deste problema da economia internacional", destacou.
Meirelles mostrou sua costumeira cordialidade, pediu desculpas ao público e disse que não poderia falar de economia, pois está em período de quarentena, que será encerrado em primeiro de maio. Em conversa com jornalistas após o evento, ele frisou que talvez depois daquela data poderia fazer alguns comentários sobre o tema. "Vamos ver", disse sorrindo. Designado pela presidente Dilma Rousseff para presidir a Autoridade Pública Olímpica (APO), ele indicou que só poderia falar sobre a nova função depois que seu nome for confirmado pelo Senado, o que, na sua avaliação, poderá ocorrer em menos de dois meses.
Henrique Meirelles explicou aos jornalistas que a APO terá poder total sobre as obras que serão realizadas para que o Brasil sedie a Olimpíada de 2016. Os jogos oficialmente deverão ocorrer no Rio, mas partidas de futebol e hospedagem de um segmento de atletas também devem ocorrer em São Paulo.
Ele explicou que a APO terá autonomia para escolher o órgão público que deverá executar uma obra considerada necessária para a realização dos jogos. Ele citou o caso hipotético de uma reforma no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Segundo Meirelles, a APO provavelmente contrataria a Infraero para realizar a obra, cujos recursos seriam repassados pelo Tesouro Nacional, depois de o projeto, seus custos e execução terem sido supervisionados e aprovados pela Autoridade Pública Olímpica.
De acordo com Meirelles, as obras de infraestrutura da APO estão relacionadas diretamente com os Jogos Olímpicos de 2016. Os empreendimentos vinculados à Copa do Mundo de 2014 não terão a coordenação e fiscalização da APO. "Indiretamente, há uma ligação no caso do estádio do Maracanã, que é estádio Olímpico e onde devem ocorrer jogos da Copa do Mundo no Brasil", destacou.