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Megaoperação no centro de SP mira desarticular PCC na Cracolândia; veja tudo o que se sabe

A operação cumpre sete mandados de prisão, 117 de busca e apreensão, 46 de sequestro e bloqueio de bens e suspensão de atividade econômica e 44 interdição de prédios comerciais

O Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) deflagrou a Operação de Campo de Polícia Judiciária Cracolândia 2019, com a intenção de combater o tráfico na região da Nova Luz, no centro de São Paulo. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

O Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) deflagrou a Operação de Campo de Polícia Judiciária Cracolândia 2019, com a intenção de combater o tráfico na região da Nova Luz, no centro de São Paulo. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 10h31.

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 16h24.

As forças de segurança do governo de São Paulo, em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual e a Prefeitura da capital, deflagraram nesta terça-feira, 6, a operação Salus et Dignitas, que mira desarticular a logística do crime organizado em diferentes pontos da região central da capital paulista, especialmente na Cracolândia.

A operação cumpre sete mandados de prisão, 117 de busca e apreensão, 46 de sequestro e bloqueio de bens e suspensão de atividade econômica, e 44 de interdição de prédios comerciais. Além da perda da licença, os imóveis serão lacrados pelas autoridades municipais para garantir que a atividade ilícita não volte a acontecer no local.

Mais de agentes das polícias civil e militar, além de rodoviários federais, promotores públicos e representantes das subprefeituras da capital e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) participam da megaoperação. O efetivo é apoiado por viaturas, helicópteros, drones e cães farejadores do 5º BPChoque (Canil) e de pelo menos outros três batalhões da polícia.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), vão conceder uma entrevista coletiva no início da tarde sobre a operação.

Qual é o objetivo da megaoperação na Cracolândia?

Segundo o MP de São Paulo, as investigações constataram que o Primeiro Comando da Capital (PCC) atua de maneira estratégica na Cracolândia e em diversas outras áreas do centro, replicando a lógica dos agentes econômicos, só que nos mercados ilícitos. Os investigadores afirmam que a organização consegue maximizar os lucros através de atividades ilícitas diversificadas, ao mesmo tempo em que restrições que limitam sua expansão são superadas.

Na visão das autoridades envolvidas com a Operação Salus et Dignitas - expressão latina que significa saúde e dignidade -, o ambiente de desordem favorece a prática de atividades ilícitas, sendo os consumidores de entorpecentes, dentre outros, vítimas das organizações criminosas.

"O tráfico de entorpecentes é apenas uma das atividades dentro do repertório criminoso dessa região, que envolve profusas atividades ilícitas, como o comércio ilegal e receptação de peças veiculares, armas e celulares; contaminação do solo com a reciclagem e ferro-velho; exploração da prostituição; captação ilegal de rádios transmissores da polícia; submissão de pessoas a trabalho análogo a escravo, entre outras graves violações a direitos humanos", afirmam os promotores do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (GAECO) nos pedidos deferidos pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital no âmbito da Operação Salus et Dignitas, deflagrada pelo MPSP, pelo governo do Estado, pela Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Receita Federal e pelo Ministério Público do Trabalho.

A operação também mira uma milícia que atua no centro. Agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) estaria, cobrando para fazer a segurança de estabelecimentos na área, segundo as investigações. Duas pessoas (um agente e um ex-agente da GCM) estão foragidas. 

Equipe de apoio

Uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais de saúde e da assistência social, será a responsável pelo atendimento às famílias que estão alocadas nos imóveis que são alvo da operação. Após o acolhimento inicial e a triagem, as pessoas serão encaminhadas aos equipamentos do estado e do município, como a Central Integrada de Atenção e Acolhimento, o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas, unidades de saúde e abrigos de passagem, de acordo com a necessidade de cada um.

A operação contará também com ações integradas de outras pastas do Governo de SP e da Prefeitura de São Paulo para a emissão de documentos, alimentação, distribuição de kits com roupas e produtos de higiene pessoal. Entre esses órgãos estão as secretarias de Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Urbano e Habitação, Fazenda e Planejamento, Saúde, Gestão e Governo Digital, da Defesa Civil do Estado e do Fundo Social de São Paulo.

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