Brasil

Médicos sem Fronteiras lança guia para jornalistas no Rio

O manual traz os contatos de organizações, agências multilaterais e órgãos governamentais atuantes em cenários de guerra

Médicos Sem Fronteiras: a organização tem cerca de 35 mil colaboradores no mundo, sendo 29 mil trabalhando diretamente nas frentes humanitárias em 70 países (Sia Kambou/AFP/AFP)

Médicos Sem Fronteiras: a organização tem cerca de 35 mil colaboradores no mundo, sendo 29 mil trabalhando diretamente nas frentes humanitárias em 70 países (Sia Kambou/AFP/AFP)

AB

Agência Brasil

Publicado em 3 de maio de 2017 às 17h22.

O recrudescimento dos conflitos atuais vem colocando em risco profissionais de saúde que atuam nas frentes de batalha, tornando ainda mais difícil o trabalho de entidades humanitárias, como o Médicos Sem Fronteira (MSF) e outras semelhantes.

O alerta foi feito pela diretora-geral da organização no Brasil, Susana de Deus, que participou hoje (3) do lançamento do Guia de Fontes em Ajuda Humanitária, no Rio de Janeiro.

Dirigido a jornalistas, o manual traz os contatos de organizações, agências multilaterais e órgãos governamentais atuantes em cenários de guerra, seja em campo ou em fóruns internacionais, e de pesquisadores em centros de estudos e universidades no Brasil especializados em temas relacionados à ajuda humanitária

"Nosso principal desafio é a complexidade dos conflitos atuais, a dificuldade de acesso às populações, muitas delas encurraladas entre várias frentes de combate. Há também o desafio da falta de segurança nos estados que não respeitam o direito internacional humanitário e que continuam a bombardear hospitais, mercados e localidades com civis", disse a diretora.

No ano passado, ocorreram 50 bombardeios e ataques de artilharia contra 21 hospitais do MSF ou a instituições apoiadas pela entidade, sendo 19 na Síria e dois no Iêmen.

Em 2015, o quadro foi ainda mais grave, com 106 bombardeios e ataques contra 75 hospitais próprios ou apoiados pelo MSF, sendo 63 deles na Síria, cinco no Iêmen, cinco na Ucrânia, um no Afeganistão e um no Sudão.

"O que está acontecendo hoje é extremamente grave. Nos últimos dois anos, morreram vários profissionais de saúde, e não só do Médicos Sem Fronteiras. Na Síria, foram mortos tantos médicos que as cidades ficaram sem acesso à saúde", disse Susana, que é portuguesa e há quatro anos mora no Brasil.

Segundo a diretora, a receita para trabalhar em condições extremas de segurança é seguir um protocolo baseado em logística que garanta o atendimento mesmo em regiões com guerras abertas.

"Temos equipes e protocolos de atenção médica bastante organizados e rígidos, boa logística e supervisão de nossos profissionais, o que nos assegura um bom trabalho sob condições extremamente precárias em muitos países. São áreas difíceis de trabalhar, que requerem segurança em relação a áreas onde podemos ou não circular. Isso requer muita logística e análise de contexto", afirmou a médica.

"O MSF é uma organização composta por médicos extremamente apaixonados, que exige muita proximidade com paciente, um contato direto com a população. Isso cria uma empatia muito forte com o sofrimento de quem estamos ajudando."

A organização tem cerca de 35 mil colaboradores no mundo, sendo 29 mil trabalhando diretamente nas frentes humanitárias em 70 países.

A entidade sobrevive de doações, mas não aceita verbas dos países diretamente envolvidos nos conflitos.

É uma forma de garantir sua independência.

Outras informações podem ser acessadas na página da entidade na internet .

Acompanhe tudo sobre:MédicosMídiaONGs

Mais de Brasil

Exclusivo: governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é o entrevistado da EXAME desta terça

Quais são os 5 maiores estados produtores de petróleo no Brasil

Consórcio liderado pela Agrimat vence leilão do Lote Leste de PPP de escolas em SP

PCdoB anuncia oficialmente a saída de Manuela D'ávila, após 25 anos de filiação ao partido