Ausentes em atos pró-Bolsonaro, MBL e Vem Pra Rua organizam apoio a Moro
Os grupos, que foram importantes para a eleição de 2018, não participaram de atos em defesa do presidente, mas agora saem em defesa do ministro
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de junho de 2019 às 08h28.
Última atualização em 26 de junho de 2019 às 10h02.
São Paulo — Ausentes nas recentes manifestações em defesa do presidente Jair Bolsonaro , no fim de maio, os grupos Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) convocaram para o domingo atos em todo o Brasil em defesa do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro .
O ministro tem sido alvo de críticas depois de o site The Intercept Brasil publicar mensagens atribuídas a ele, na época em que era juiz, e a integrantes da força-tarefa da Lava Jato. Essas conversas, segundo o site, indicariam interferência de Moro no andamento das investigações da operação. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar a invasão do celular do ministro e de procuradores.
Os dois grupos, que lideraram os movimentos de rua pelo impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, afirmam que optaram por adotar uma agenda que não inclui a defesa do governo Bolsonaro.
Além do apoio a Moro, eles defendem o pacote anticorrupção enviado pelo ministro ao Congresso - cuja tramitação tem enfrentado resistência de parlamentares - e a reforma da Previdência.
Os movimentos querem mobilizar o mesmo público entusiasta da Lava Jato que foi às ruas contra o PT e as denúncias de corrupção que atingiram o partido em 2015.
"Os primeiros atos (em favor do governo) surgiram de uma rede coordenada que prega pautas com as quais não concordamos. O MBL não é pró-Bolsonaro e mantém uma linha independente. A decisão de participar agora foi uma reação à invasão do celular do Sérgio Moro", disse Renato Battista, um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre.
Segundo ele, surgiu agora "uma necessidade" de defender a Lava Jato. Sobre a suposta mensagem na qual Moro teria chamado os integrantes do MBL de "tontos", Battista afirmou que o episódio foi levado por eles "na brincadeira". "Muitos querem jogar o MBL contra a Lava Jato", disse.
O grupo de Kim Kataguiri e Fernando Holliday vai receber em seu carro de som políticos que despontaram no MBL e que hoje são filiados ao DEM.
Proposta
Porta-voz do Vem Pra Rua, Adelaide Oliveira reforçou o discurso de independência em relação ao presidente Bolsonaro e fez uma defesa enfática do ex-juiz da Lava Jato. "O hackeamento do telefone dele foi um crime. O conteúdo revelado até agora, segundo juristas, não é comprometedor", afirmou Adelaide.
Questionada sobre a ausência do grupo nos atos mais recentes, a porta-voz disse que as manifestações pró-Bolsonaro estavam "excessivamente personalistas". "Não apoiamos governo nenhum, mas ideias."
Já o movimento Nas Ruas, que também esteve na linha de frente em 2015, apoia Bolsonaro e estará na manifestação de domingo em defesa de Moro. Desta vez, porém, o presidente não estará na pauta. "Não vejo necessidade de defender o Bolsonaro agora", disse a deputada Carla Zambeli (PSL-SP), fundadora do Nas Ruas.