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Mariana convoca funcionários para passeata pró-Samarco

Prefeitura da cidade intimou os funcionários e alunos de escolas públicas a participarem de ato a favor de retorno das atividades da mineradora


	Protesto contra a Vale: segundo movimento de moradores de Mariana, atingida por lama da Samarco, o que a prefeitura pede é "coação"
 (Mario Tama/Getty Image)

Protesto contra a Vale: segundo movimento de moradores de Mariana, atingida por lama da Samarco, o que a prefeitura pede é "coação" (Mario Tama/Getty Image)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2016 às 18h49.

São Paulo - A prefeitura de Mariana intimou funcionários e alunos das escolas municipais a participarem de uma passeata a favor do retorno das atividades da Samarco, marcada para este sábado, 12, às 9h.

A ação contaria como dia letivo, mas, após reações, a prefeitura desistiu de considerar o protesto uma compensação ao sábado de aulas previsto para 21 de maio.

Comunicado interno encaminhado na quinta-feira pela Secretaria Municipal de Educação aos diretores das escolas do município utiliza os termos "convocar" e "deverão comparecer".

Cita, inclusive, que é responsabilidade da equipe diretiva da escola "mobilizar a participação de todos os funcionários e alunos", cabendo à prefeitura providenciar transporte e dois lanches para os estudantes.

"Isso é coação", julgou o movimento Um Minuto de Sirene, formado por moradores de Mariana e Ouro Preto que cobram explicações sobre a tragédia ocorrida em 5 de novembro, quando a barragem de Fundão rompeu e despejou um tsunami de lama sobre a região, destruindo distritos e causando danos sérios ao Rio Doce.

"Não se trata de mero convite de caráter opcional, mas de uma convocação à qual não se pode dizer não. A situação se agrava mais ainda porque todos os diretores das escolas são nomeados via cargos de confiança, luta que a educação em Mariana ainda não conseguiu vencer. É direito do cidadão o livre arbítrio para decidir como se posicionar"

A secretaria admitiu - em nota assinada pelo prefeito, Duarte Júnior, e pela secretária de educação, Juliana Ferreira - que errou na elaboração do comunicado: "A bem da verdade, o pedido do senhor prefeito foi no sentido de que esta secretaria convidasse toda sua equipe a se engajar no evento que se revela de interesse do município e de todos os marianenses".

Também esclareceu que "respeita o direito ao livre pensamento de cada um dos nosso servidores e que nenhum deles sofrerá qualquer sanção, em nenhuma hipótese, em razão de sua livre escolha".

Sobre ter, em princípio, proposto a participação na manifestação como compensação de um dia letivo, a secretaria disse que "teve como horizonte incentivar a todos e demonstrar a importância do retorno das atividades da empresa uma vez que os impostos recolhidos por ela custeiam nossas creches, todas as nossas escolas em tempo integral, além de outros serviços essenciais".

Segundo o prefeito, que publicou vídeo nas redes sociais chamando a população para o evento, Mariana recebeu R$ 6,5 milhões da última cota relativa à Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM) e, agora, recebe "apenas" R$ 1,2 milhão.

"Esta queda na arrecadação implica em desaquecimento da economia local e ameaça grande parte dos empregos gerados na cidade. Daí a importância da manifestação", informou nota da secretaria, mantendo a conclusão de que o protesto é "matéria de interesse público".

O diretor da mineradora, Roberto Carvalho, já afirmou que espera retomar a operação em Minas Gerais no quarto trimestre deste ano, porém com cerca de dois terços da capacidade - devido a limitações para captar água e depositar rejeitos.

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