Márcio França começa a montar governo pós-Alckmin
Com a candidatura do governador de São Paulo para presidência, seu atual vice comandará as 25 secretarias estaduais até dezembro
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 10h04.
São Paulo - A um mês e meio de assumir o cargo de governador de São Paulo, Márcio França (PSB), atual vice de Geraldo Alckmin (PSDB), já começa a montar a equipe interina que comandará as 25 secretarias estaduais até dezembro.
Com a provável desincompatibilização do tucano no dia 7 de abril para a disputa presidencial, França planeja abrir as portas do Bandeirantes a partidos hoje distantes do Palácio, como PR e PROS - que já anunciaram apoio à sua reeleição -, e até a legendas que carregam bandeiras de esquerda, a exemplo do PDT e do PCdoB.
A chegada dos novos aliados deve movimentar a composição da máquina estadual. O governo tucano é sustentado por seis partidos, além do PSDB e do PSB - França acumula o cargo de vice e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.
O PR, por exemplo, deve ser convidado a comandar a pasta de Logística e Transportes, hoje sob a gestão de Laurence Casagrande, aliado de Saulo de Castro, atual secretário de Governo e um dos homens de confiança de Alckmin.
Logística e Transportes foi pleiteada pelo PR ano passado, mas Saulo, que comandou a pasta entre 2011 e 2014, venceu a queda de braço partidária e indicou Laurence para o cargo.
A secretaria, por meio da Dersa, é a responsável por algumas das principais obras do Estado, como a construção do Rodoanel e a nova Tamoios. Além de recursos, ainda tem força política por operar obras rodoviárias em todo o Estado.
Na pasta do Emprego e Relações do Trabalho, já sob influência do Solidariedade, o que deve mudar não é o secretário - José Luiz Ribeiro -, mas o orçamento.
A pedido do presidente nacional da sigla, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, França estuda aumentar a fatia de recursos destinada a custear cursos profissionalizantes no Estado.
"O Márcio é outro nível na área social e essa pasta (Trabalho) foi bem desmontada nos últimos anos. No governo Márcio pode ser melhorada pela questão social, porque isso é destaque na atuação dele", disse Paulinho. O Solidariedade ainda pode levar a pasta de Turismo.
Presidente estadual do PROS, terceiro partido a declarar apoio oficial a França, o vereador paulistano Ricardo Teixeira afirma que a posição de seu partido não prevê participação no governo como contrapartida.
"Nosso namoro com o PSB vem desde o ano passado e é explicado pela nossa estratégia eleitoral. Precisamos crescer no Estado e para isso temos de nos aliar a um partido médio, um pouco só maior que o nosso, como o PSB. Se escolhêssemos um partido grande iríamos sumir, especialmente por causa da reforma política (e a aprovação da cláusula de barreira)", diz. "Mas é claro que podemos conversar a respeito.
"França diz que as negociações para formação de governo ainda não começaram. "Nenhum apoio que fechamos teve essa exigência, mas é natural que os partidos queiram participar da gestão."Aliado a bandeiras de esquerda, o PCdoB tem conversado com o vice-governador de olho das eleições de outubro.
Presidente da sigla em São Paulo, o deputado federal Orlando Silva tem comandado essa aproximação. Outros partidos que namoram o atual vice são o PV e o PPS, que já participam do governo. O PSC também abriu um canal com o atual vice de olho nas eleições.
Continuidade
Para não passar a imagem de ruptura, o plano é dar à gestão França uma marca de continuidade. O futuro governador pretende substituir o secretariado aos poucos, começando pelos nomes que sairão de forma voluntária, seja para compor a equipe de campanha de Alckmin seja para disputar um cargo eletivo em outubro.
Rodrigo Garcia (DEM), enquadrado nesse segundo grupo, foi o primeiro da fila: exonerado a pedido, o então secretário estadual de Habitação já reassumiu sua cadeira na Câmara dos Deputados na semana passada. O parlamentar também tem se colocado como pré-candidato ao governo estadual.
Outros que necessariamente vão sair do governo em abril são os secretários da Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim (PPS); de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro (PSDB) - também pré-candidato -; e o responsável pela Casa Civil, Samuel Moreira (PSDB). Todos são deputados federais.
Alckmin teria pedido a França para manter alguns quadros técnicos, como Mágino Alves, secretário da Segurança Pública, Lourival Gomes, da Administração Penitenciária; e Benedito Braga, de Saneamento. As áreas são consideradas essenciais para o governador, que, durante a eleição, não pode correr o risco de ver seus programas desfeitos ou suas estatísticas, desmentidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.