Rio de Janeiro deve sofrer com mudanças climáticas que acontecem na Terra (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Redator na Exame
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 10h06.
Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 14h24.
Um novo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, 27, traz à tona preocupações sobre o aumento do nível do mar em todo o mundo, com destaque para localidades brasileiras. Com base em uma estimativa da Nasa, em relatório da ONU, duas cidades no estado do Rio de Janeiro — o distrito de Atafona, em São João da Barra, e a capital, Rio de Janeiro — podem enfrentar uma elevação do nível do mar entre 12 cm e 21 cm até 2050. As informações são do G1.
O documento, intitulado "Surging Seas in a Warming World: The Latest Science on Present-Day Impacts and Future Projections of Sea-Level Rise", apresenta dados e análises sobre os impactos do aumento dos oceanos, destacando a ameaça crescente para regiões costeiras ao redor do globo. No caso do Brasil, as estimativas foram feitas considerando um cenário de aquecimento global de 3°C até o final do século, um parâmetro que excede as metas estabelecidas no Acordo de Paris, mas que reflete as preocupações atuais sobre a eficácia dessas metas.
O aumento do nível do mar já é uma realidade observada em várias partes do mundo. Entre 1990 e 2020, o nível do mar subiu 13 cm em regiões como Atafona e Rio de Janeiro, e as previsões indicam que esse aumento pode alcançar até 21 cm nos próximos 30 anos, o que representa uma média de 16 cm. Esse avanço representa uma ameaça significativa para as infraestruturas e para as vidas das comunidades costeiras, especialmente em países em desenvolvimento, onde a capacidade de adaptação a essas mudanças é limitada.
As ilhas do Oceano Pacífico são particularmente vulneráveis ao aumento do nível do mar. Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, como as Maldivas, Tuvalu e Kiribati, estão em risco de desaparecer completamente se o mar continuar a subir, devido à erosão das terras e à destruição de infraestruturas. Embora essas nações sejam responsáveis por uma fração mínima das emissões globais de CO2, elas estão entre as mais afetadas pelas mudanças climáticas, evidenciando a desigualdade nas consequências globais do aquecimento.
O relatório da ONU ressalta que a Terra está ficando mais quente em grande parte devido à queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, que liberam gases de efeito estufa na atmosfera. Esses gases aprisionam o calor, aumentando a temperatura global e, consequentemente, elevando o nível do mar. Esse fenômeno ocorre principalmente por dois processos: a expansão térmica dos oceanos, que responde por 40% do aumento, e o derretimento das calotas polares, que adiciona mais água aos oceanos.
A ONU alerta que, embora os países de pequena emissão como os das ilhas do Pacífico sejam os mais vulneráveis, o impacto do aumento do nível do mar é uma questão global que requer uma ação coletiva urgente. A manutenção das metas de aquecimento global abaixo de 1,5°C é essencial para evitar consequências devastadoras, mas o tempo para ação está se esgotando.