Manuela D´Ávila conta por que leva filha para eventos políticos
"Enquanto um homem brilha construindo a sua carreira, tem uma mãe abrindo mão da sua dentro de casa", diz pré-candidata à Presidência
Talita Abrantes
Publicado em 19 de março de 2018 às 18h54.
Última atualização em 19 de março de 2018 às 19h24.
São Paulo – Pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela D´Ávila protagonizou cenas pouco usuais para um presidenciável: com a filha de três anos nos braços, participou de uma bateria de eventos em Salvador (BA).
Questionada sobre a decisão de levar a pequena Laura de 2 anos e meio para esses eventos, Manuela D´Ávila respondeu que faz isso porque é mãe, segundo a própria relatou em sua página no Facebook. “A principal reflexão que fiz, quando decidi ser candidata, foi se conseguiria viver minha maternidade na forma que decidi viver. Decidi que sim, criaria condições para isso”, conta.
Laura nasceu em agosto de 2015, durante o primeiro ano do mandato de Manuela na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. No ano anterior, a política foi eleita com a maior votação do estado.
Ao menos no primeiro ano de vida da menina, era comum ver imagens da deputada estadual com a pequena nos braços no plenário – em algumas ocasiões ela foi amamentada no meio da sessão. “Se alguém me questionasse, teria que responder como a Casa do Povo não respeita o direito da criança”, disse na época ao jornal El Pais.
No post recente, a pré-candidata do PCdoB relata que amamenta Laura até hoje, seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, que defende o aleitamento materno no mínimo até os 2 anos de idade.
A criança, contudo, não acompanha a mãe em todas as viagens. “Eu e meu marido [Duca Leindecker] dividimos responsabilidades totalmente. Laura vai para escola. Mas nós olhamos o conjunto de minhas agendas e as de Duca e vemos as eventuais idas dela”, relata.
“Sabe o que é engraçado? Quando ela não está, as pessoas não percebem a ausência dela. Porque estão acostumadas com a ausência das crianças no espaço público. Porque enquanto um homem brilha construindo a sua carreira, tem uma mãe abrindo mão da sua dentro de casa, cuidando sozinha de tudo”, avalia.
Refutando um argumento recorrente, Manuela diz que a questão não é “quem manda em casa” ou não: “A gente não quer mandar em casa, baby. A gente quer dividir com vocês, para sobrar tempo igual para gente brilhar nas mesas de discussão por aí. Porque para gente brilhar, alguém tem que pegar as crias na escola, baby”.
Aos 36 anos, 14 de vida pública (como ela gosta de frisar), Manuela foi, em 2004, a mais jovem vereadora já eleita em Porto Alegre (RS) — ela tinha 23 anos. De 2007 a 2014, foi deputada federal e disputou a prefeitura de Porto Alegre, sua cidade natal, duas vezes.
Com a benção de Luiz Inácio Lula da Silva, ela deve encabeçar em outubro a primeira candidatura do PCdoB em sete eleições para o Palácio do Planalto. Segundo a última pesquisa Datafolha, ela pontua até 2% das intenções de voto a depender dos concorrentes.