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Manifestantes afirmam voltar às ruas após protesto histórico

Cerca de 240 mil pessoas marcharam na noite de ontem por mais de 10 cidades para denunciar o aumento das tarifas de ônibus e os gastos com eventos esportivos

Manifestante no Centro do Rio de Janeiro: protestos foram pacíficos em sua maioria, mas casos de violência ocorreram em várias cidades, principalmente no Rio (Christophe Simon/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2013 às 14h33.

Rio de Janeiro - Milhares de pessoas prometeram voltar às ruas nas principais cidades brasileiras, depois do maior protesto realizado em décadas no país, que terminou em caos e violência no Rio de Janeiro e surpreendeu o governo por sua dimensão e intensidade.

Desafiando a afirmação popular de que os brasileiros são acomodados e não protestam, cerca de 240.000 pessoas marcharam na noite de segunda-feira por mais de 10 cidades para denunciar o aumento das passagens de ônibus e os multimilionários gastos com a Copa do Mundo de 2014 e seu ensaio-geral, a Copa das Confederações.

Os protestos , em sua maioria pacíficos, terminaram, no entanto, com violência em várias cidades, principalmente no Rio. Os manifestantes foram dispersados pela polícia com gás lacrimogêneo e balas de borracha quando tiveram início cenas de vandalismo, destruição do bem público ou quando, em Belo Horizonte, os manifestantes tentaram se aproximar do estádio Mineirão, onde era disputada a partida Taiti-Nigéria.

Os manifestantes, em sua maioria jovens sem partido e de classe média, exigem a revogação do aumento do preço no transporte público e melhorias na qualidade deste serviço, assim como inúmeras outras reivindicações, como melhor educação e saúde pública e até o fim da corrupção.


Estes estão os maiores protestos no Brasil desde as manifestações contra a corrupção do governo de Fernando Collor de Mello em 1992, que renunciou durante seu julgamento político no Senado.

Novas manifestações estão convocadas para esta terça-feira, em São Paulo, e para quinta-feira em várias cidades do país, incluindo o Rio de Janeiro, uma das seis cidades-sede da Copa das Confederações.

Os protestos poderã afetar a competição na quinta-feira, quando, no Rio, será disputada no Maracanã a partida Espanha-Taiti, e, em Salvador, Nigéria-Uruguai.

"O governo está preocupado", afirmou na véspera Gilberto Carvalho, chefe do gabinete da presidente Dilma Rousseff. "Que ninguém se precipite para tirar proveito político de um lado ou de outro", pediu.

Dilma, por sua vez, afirmou que "as manifestações pacífica são legítimas e próprias da democracia". "É próprio dos jovens se manifestar", afirmou no blog da Presidência.

A maior e mais violenta das manifestações de segunda-feira aconteceu no centro do Rio, onde algumas dezenas dos 100.000 manifestantes tentaram invadir a Assembleia Legislativa, atearam fogo em um carro e feriram e fizeram 20 policiais se entrincheirarem junto a outros colegas dentro do edifício, além de destruir bens públicos e saquear lojas vizinhas.

Ao menos dois manifestantes ficaram feridos no tiroteio travado durante os distúrbios.

O protesto terminou depois de seis horas, quando os 100 integrantes do Batalhão de Choque da polícia militar dispersaram os manifestantes violentos com gás lacrimogêneo e balas de borracha.

"O governo investiu dinheiro público na Copa ao invés de investir em educação, que é péssima. Estamos muito chateados com a Dilma, que está acabando com o país e, por isso, o povo está nas ruas", declarou à AFP uma das manifestante cariocas, Rosange Campos.


Em São Paulo, onde marcharam cerca de 65.000 manifestantes, um grupo tentou invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, mas foi dispersado pela polícia.

Cenas parecidas se repetiram em Belo Horizonte e Porto Alegre, onde os manifestantes destruíram dezenas de lixeiras na principal avenida da cidade.

Segundo uma pesquisa do Datafolha publicada nesta terça-feira, 84% dos manifestantes em São Paulo declara não ter preferência partidária. Além disso, 77% têm nível de educação superior e 22% são estudantes.

Em Brasília, mais de 5.000 manifestantes cercaram o Congresso Nacional e centenas deles, eufóricos, invadiram a rampa de acesso e conseguiram subir na cobertura, onde entoaram palavras de ordem, mas o protesto permaneceu pacífico.

Os protestos acontecem num momento de crescimento econômico pequeno e uma inflação em alta no país. Pesquisas recentes mostram pela primeira vez uma queda na aprovação do governo de Dilma, principalmente entre os mais jovens e os mais ricos.

Dilma foi vaiada no sábado passado, na estádio de Brasília, na abertura da Copa das Confederações, apesar de contar ainda com níveis de popularidade recordes e ser favorita para a reeleição em 2014.

*Matéria atualizada às 14h32

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Os protestos , em sua maioria pacíficos, terminaram, no entanto, com violência em várias cidades, principalmente no Rio. Os manifestantes foram dispersados pela polícia com gás lacrimogêneo e balas de borracha quando tiveram início cenas de vandalismo, destruição do bem público ou quando, em Belo Horizonte, os manifestantes tentaram se aproximar do estádio Mineirão, onde era disputada a partida Taiti-Nigéria.

Os manifestantes, em sua maioria jovens sem partido e de classe média, exigem a revogação do aumento do preço no transporte público e melhorias na qualidade deste serviço, assim como inúmeras outras reivindicações, como melhor educação e saúde pública e até o fim da corrupção.


Estes estão os maiores protestos no Brasil desde as manifestações contra a corrupção do governo de Fernando Collor de Mello em 1992, que renunciou durante seu julgamento político no Senado.

Novas manifestações estão convocadas para esta terça-feira, em São Paulo, e para quinta-feira em várias cidades do país, incluindo o Rio de Janeiro, uma das seis cidades-sede da Copa das Confederações.

Os protestos poderã afetar a competição na quinta-feira, quando, no Rio, será disputada no Maracanã a partida Espanha-Taiti, e, em Salvador, Nigéria-Uruguai.

"O governo está preocupado", afirmou na véspera Gilberto Carvalho, chefe do gabinete da presidente Dilma Rousseff. "Que ninguém se precipite para tirar proveito político de um lado ou de outro", pediu.

Dilma, por sua vez, afirmou que "as manifestações pacífica são legítimas e próprias da democracia". "É próprio dos jovens se manifestar", afirmou no blog da Presidência.

A maior e mais violenta das manifestações de segunda-feira aconteceu no centro do Rio, onde algumas dezenas dos 100.000 manifestantes tentaram invadir a Assembleia Legislativa, atearam fogo em um carro e feriram e fizeram 20 policiais se entrincheirarem junto a outros colegas dentro do edifício, além de destruir bens públicos e saquear lojas vizinhas.

Ao menos dois manifestantes ficaram feridos no tiroteio travado durante os distúrbios.

O protesto terminou depois de seis horas, quando os 100 integrantes do Batalhão de Choque da polícia militar dispersaram os manifestantes violentos com gás lacrimogêneo e balas de borracha.

"O governo investiu dinheiro público na Copa ao invés de investir em educação, que é péssima. Estamos muito chateados com a Dilma, que está acabando com o país e, por isso, o povo está nas ruas", declarou à AFP uma das manifestante cariocas, Rosange Campos.


Em São Paulo, onde marcharam cerca de 65.000 manifestantes, um grupo tentou invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, mas foi dispersado pela polícia.

Cenas parecidas se repetiram em Belo Horizonte e Porto Alegre, onde os manifestantes destruíram dezenas de lixeiras na principal avenida da cidade.

Segundo uma pesquisa do Datafolha publicada nesta terça-feira, 84% dos manifestantes em São Paulo declara não ter preferência partidária. Além disso, 77% têm nível de educação superior e 22% são estudantes.

Em Brasília, mais de 5.000 manifestantes cercaram o Congresso Nacional e centenas deles, eufóricos, invadiram a rampa de acesso e conseguiram subir na cobertura, onde entoaram palavras de ordem, mas o protesto permaneceu pacífico.

Os protestos acontecem num momento de crescimento econômico pequeno e uma inflação em alta no país. Pesquisas recentes mostram pela primeira vez uma queda na aprovação do governo de Dilma, principalmente entre os mais jovens e os mais ricos.

Dilma foi vaiada no sábado passado, na estádio de Brasília, na abertura da Copa das Confederações, apesar de contar ainda com níveis de popularidade recordes e ser favorita para a reeleição em 2014.

*Matéria atualizada às 14h32

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