Manifestação em SP reuniu público contra impeachment
A presença de jovens no protesto foi notável, porém havia pessoas de diversas faixas etárias
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2016 às 08h27.
Manifestantes estiveram hoje (18), na Avenida Paulista, para protestar contra o impeachment da presidenta Dilma Roussef e em defesa da democracia. Desde as 17h30, os participantes se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e se espalharam pela avenida.
Vestidos predominantemente de vermelho, o público carregou bandeiras também vermelhas, bexigas e faixas que pediam democracia e repudiavam o golpe, referindo-se ao impeachment de Dilma. A palavra de ordem mais gritada na manifestação, convocada pela Frente Brasil Popular, foi “não vai ter golpe”.
A presença de jovens no protesto foi notável, porém havia pessoas de diversas faixas etárias. O estudante João Carlos Martins, 20, acredita que o país está “à beira de um caos, de uma guerra civil”, caso haja impeachment. “Eu vim para a defesa da democracia no país, que está sendo afetada por pessoas que não aceitam a eleição que teve no passado”, disse. Ele lamentou ainda a intolerância e o ódio que se vê nas ruas por divergências políticas. “As pessoas nem podem mais andar vestidas com roupa vermelha na rua que são espancadas”.
Renato Zapata, 27, jornalista, criticou a política desenvolvida pelo governo atualmente, no entanto, manifestou-se “em defesa da democracia, contra o que temos visto esses dias, as pessoas agredindo as outras só porque elas estão de vermelho”. Ele é contra o impeachment e acredita que isso significaria um golpe.
“Hoje o governo precisa ser defendido em relação ao meu voto, ao voto de todo mundo. As pessoas vêm para defender seu voto e não o governo em si”, disse ao explicar que a questão não é simplesmente partidária.
O pesquisador Alexandre Ferro Otsuka, 27, disse que foi à Avenida Paulista em defesa da democracia. “O que o [juiz Sérgio] Moro está fazendo no Judiciário, inorando as leis, passando por cima do processo jurídico que deveria ser feito, coloca em risco nosso Estado de Direito e a nossa democracia”, avaliou.
Segundo levantamento da Polícia Militar, 80 mil pessoas estavam presentes na manifestação às 18h45, horário considerado de pico pela corporação.
Diversas entidades apoiaram o ato de hoje, entre elas a Central Única dos Trabalhadores; Central de Trabalhadores do Brasil (CTB); Frente Brasil Popular; sindicatos, como bancários e professores; e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
Lula
Mais cedo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou em um carro de som posicionado em frente ao Museu de Arte de São Paulo. Sob aplausos, ele defendeu a democracia e disse que o tempo que resta ao final do governo Dilma é “suficiente para virar a história do país”.
“Quero dizer para aqueles que não gostam de nós, talvez falte informação, mas temos que convencê-los que democracia é acatar o voto da maioria do povo brasileiro”, destacou. Durante o discurso, Lula juntou-se ao coro dos manifestantes gritando a frase “Não vai ter golpe”.
O ex-presidente destacou a importância de se restabelecer a paz no país e lembrou que perdeu as eleições muitas vezes, mas nunca protestou contra quem ganhou. "Tem gente que fala em democracia da boca pra fora. Perdi as eleições em 89, em 94 e em 98 e em nenhum momento vocês viram eu ir pra rua protestar contra quem ganhou”.
Brasília Na capital federal, manifestantes a favor do governo Dilma Rousseff e contra o processo de impeachment se reuniram no Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. O ato foi organizado pela Frente Brasil Popular, e os manifestantes levaram cartazes com frases de apoio a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o que chamam de golpe.
"Esse é um ato em defesa da democracia, contra o golpismo e o fascismo que está explodindo no país. Estamos defendendo a mudança de discurso no Congresso, que pare de discutir só o golpe e que encaminhe avanços nos direitos da classe trabalhadora", disse o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues.
Com gritos de ordem e críticas ao juiz Sérgio Moro, aos partidos de oposição e ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os manifestantes marcharam em direção ao Congresso Nacional. Eles ficaram concentrados por cerca de duas horas em frente ao Museu da República, onde foi projetada a frase "Não vai ter golpe!!!". A máquina de laser usada para a projeção estava em um carro de som. À medida que o carro andava, a frase ia sendo projetada em outros prédios da Esplanada.
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, mais de 4 mil pessoas participam do ato.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff reuniu manifestantes na Praça XV, no centro do Rio. Eles carregavam cartazes e defendiam a permanência da presidenta. Os manifestantes também fizeram atos de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Ministro Lula estamos com você", dizia um dos cartazes.
Para a atriz Letícia Sabatella, que participou do ato no Rio, o objetivo em comum entre todos os movimentos presentes nas manifestações de hoje é a luta pela democracia e o combate à corrupção, mas não a que atinge apenas um grupo. "Vamos fazer uma reforma política, vamos lutar por esta reforma para que a gente limpe todos os focos de corrupção. E não apenas pegar um bode expiatório e dizer que esse é o grande corrupto. Vamos olhar onde está a corrupção, ver porque ela existe e porque o sistema funciona desta maneira".
Salvador e Fortaleza Em Salvador, militantes, estudantes e representantes de centrais sindicais e movimentos sociais da Bahia fizeram um ato contra o impeachment desde o início da tarde em Campo Grande, região central da cidade. Eles gritavam palavras de ordem como "Não vai ter golpe" e seguravam cartazes de apoio a Dilma. Segundo a Polícia Militar, mais de 70 mil pessoas acompanharam a passeata que seguiu em direção à Praça Castro Alves, onde o evento foi encerrado.
Em Fortaleza, a manifestação organizada pela Frente Brasil Popular começou à tarde e percorreu as ruas do centro da capital cearense até chegar à Praça do Ferreira no começo da noite. Segundo a PM, 7 mil pessoas compareceram ao ato.
Porto Alegre Na capital gaúcha, cerca de 10 mil pessoas se reuniram na Esquina Democrática, no cruzamento entre a Avenida Borges de Medeiros e a Rua dos Andradas.
Entre um e outro discurso de lideranças partidárias e de movimentos sociais, a multidão gritava “Não vai ter golpe, vai ter luta”. A maioria dos participantes vestia roupas vermelhas e muitos carregavam bandeiras do Brasil, de partidos políticos (PT e PCdoB) e de movimentos sociais, entre eles o MST e a CUT.
Os manifestantes elegeram a Rede Globo como um dos principais alvos do protesto em Porto Alegre. A atuação da emissora na divulgação das notícias envolvendo o ex-presidente Lula foi encarada como “orquestração” para forçar a derrubada do governo Dilma.
A empregada doméstica Lídia dos Santos disse temer que a instabilidade política do país permita que um governo de exceção seja instaurado, como em 1964. “Estou aqui porque quero lutar por um Brasil livre para meus filhos. Eu vivi durante a ditadura e reconheço o golpe quando vejo um em curso”, disse Lídia.
Recife e Manaus No Recife, a manifestação ocupou as ruas do centro da cidade e tomou a Avenida Conde da Boa Vista, uma das maiores da região. Entre os manifestantes, se destacava a presença de grupos de maracatus, de caboclinhos (manifestação cultural popular de Pernambuco), bonecos gigantes de Olinda até o dragão de pano do bloco de carnaval Eu Acho é Pouco.
A maior parte das pessoas vestia vermelho, mas muitos optaram pelo verde e amarelo, entre bandeiras do Brasil e de Pernambuco. A mobilização reuniu partidos, movimentos sociais e sindicais e também pessoas sem ligação com entidades organizadas.
Em Manaus, a manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff levou cerca de 3.000 pessoas à Avenida Sete de Setembro, no centro da capital do Amazonas, conforme cálculo da Polícia Militar (PM) do Amazonas. Os participantes do ato defendem ainda a democracia e os direitos sociais.
Vestidos de vermelho e branco, usando apitos e carregando bandeiras do Brasil, de movimentos sociais, sindicais e do PT, os manifestantes gritam, a todo momento, “não vai ter golpe”. A presidenta da Associação Afrodescendente e Indígena do Amazonas, professora Elisoneide Rodrigues, foi prestar apoio à presidenta Dilma Rousseff.
“Nós, mulheres negras, a partir dos governos de Lula e da presidenta Dilma, tivemos mais oportunidade de fazer nossas propostas, porque a população negra é uma parcela excluída da sociedade e, no governo deles, teve essa abertura”, disse a professora.
Manifestantes estiveram hoje (18), na Avenida Paulista, para protestar contra o impeachment da presidenta Dilma Roussef e em defesa da democracia. Desde as 17h30, os participantes se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e se espalharam pela avenida.
Vestidos predominantemente de vermelho, o público carregou bandeiras também vermelhas, bexigas e faixas que pediam democracia e repudiavam o golpe, referindo-se ao impeachment de Dilma. A palavra de ordem mais gritada na manifestação, convocada pela Frente Brasil Popular, foi “não vai ter golpe”.
A presença de jovens no protesto foi notável, porém havia pessoas de diversas faixas etárias. O estudante João Carlos Martins, 20, acredita que o país está “à beira de um caos, de uma guerra civil”, caso haja impeachment. “Eu vim para a defesa da democracia no país, que está sendo afetada por pessoas que não aceitam a eleição que teve no passado”, disse. Ele lamentou ainda a intolerância e o ódio que se vê nas ruas por divergências políticas. “As pessoas nem podem mais andar vestidas com roupa vermelha na rua que são espancadas”.
Renato Zapata, 27, jornalista, criticou a política desenvolvida pelo governo atualmente, no entanto, manifestou-se “em defesa da democracia, contra o que temos visto esses dias, as pessoas agredindo as outras só porque elas estão de vermelho”. Ele é contra o impeachment e acredita que isso significaria um golpe.
“Hoje o governo precisa ser defendido em relação ao meu voto, ao voto de todo mundo. As pessoas vêm para defender seu voto e não o governo em si”, disse ao explicar que a questão não é simplesmente partidária.
O pesquisador Alexandre Ferro Otsuka, 27, disse que foi à Avenida Paulista em defesa da democracia. “O que o [juiz Sérgio] Moro está fazendo no Judiciário, inorando as leis, passando por cima do processo jurídico que deveria ser feito, coloca em risco nosso Estado de Direito e a nossa democracia”, avaliou.
Segundo levantamento da Polícia Militar, 80 mil pessoas estavam presentes na manifestação às 18h45, horário considerado de pico pela corporação.
Diversas entidades apoiaram o ato de hoje, entre elas a Central Única dos Trabalhadores; Central de Trabalhadores do Brasil (CTB); Frente Brasil Popular; sindicatos, como bancários e professores; e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
Lula
Mais cedo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou em um carro de som posicionado em frente ao Museu de Arte de São Paulo. Sob aplausos, ele defendeu a democracia e disse que o tempo que resta ao final do governo Dilma é “suficiente para virar a história do país”.
“Quero dizer para aqueles que não gostam de nós, talvez falte informação, mas temos que convencê-los que democracia é acatar o voto da maioria do povo brasileiro”, destacou. Durante o discurso, Lula juntou-se ao coro dos manifestantes gritando a frase “Não vai ter golpe”.
O ex-presidente destacou a importância de se restabelecer a paz no país e lembrou que perdeu as eleições muitas vezes, mas nunca protestou contra quem ganhou. "Tem gente que fala em democracia da boca pra fora. Perdi as eleições em 89, em 94 e em 98 e em nenhum momento vocês viram eu ir pra rua protestar contra quem ganhou”.
Brasília Na capital federal, manifestantes a favor do governo Dilma Rousseff e contra o processo de impeachment se reuniram no Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. O ato foi organizado pela Frente Brasil Popular, e os manifestantes levaram cartazes com frases de apoio a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o que chamam de golpe.
"Esse é um ato em defesa da democracia, contra o golpismo e o fascismo que está explodindo no país. Estamos defendendo a mudança de discurso no Congresso, que pare de discutir só o golpe e que encaminhe avanços nos direitos da classe trabalhadora", disse o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues.
Com gritos de ordem e críticas ao juiz Sérgio Moro, aos partidos de oposição e ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os manifestantes marcharam em direção ao Congresso Nacional. Eles ficaram concentrados por cerca de duas horas em frente ao Museu da República, onde foi projetada a frase "Não vai ter golpe!!!". A máquina de laser usada para a projeção estava em um carro de som. À medida que o carro andava, a frase ia sendo projetada em outros prédios da Esplanada.
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, mais de 4 mil pessoas participam do ato.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff reuniu manifestantes na Praça XV, no centro do Rio. Eles carregavam cartazes e defendiam a permanência da presidenta. Os manifestantes também fizeram atos de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Ministro Lula estamos com você", dizia um dos cartazes.
Para a atriz Letícia Sabatella, que participou do ato no Rio, o objetivo em comum entre todos os movimentos presentes nas manifestações de hoje é a luta pela democracia e o combate à corrupção, mas não a que atinge apenas um grupo. "Vamos fazer uma reforma política, vamos lutar por esta reforma para que a gente limpe todos os focos de corrupção. E não apenas pegar um bode expiatório e dizer que esse é o grande corrupto. Vamos olhar onde está a corrupção, ver porque ela existe e porque o sistema funciona desta maneira".
Salvador e Fortaleza Em Salvador, militantes, estudantes e representantes de centrais sindicais e movimentos sociais da Bahia fizeram um ato contra o impeachment desde o início da tarde em Campo Grande, região central da cidade. Eles gritavam palavras de ordem como "Não vai ter golpe" e seguravam cartazes de apoio a Dilma. Segundo a Polícia Militar, mais de 70 mil pessoas acompanharam a passeata que seguiu em direção à Praça Castro Alves, onde o evento foi encerrado.
Em Fortaleza, a manifestação organizada pela Frente Brasil Popular começou à tarde e percorreu as ruas do centro da capital cearense até chegar à Praça do Ferreira no começo da noite. Segundo a PM, 7 mil pessoas compareceram ao ato.
Porto Alegre Na capital gaúcha, cerca de 10 mil pessoas se reuniram na Esquina Democrática, no cruzamento entre a Avenida Borges de Medeiros e a Rua dos Andradas.
Entre um e outro discurso de lideranças partidárias e de movimentos sociais, a multidão gritava “Não vai ter golpe, vai ter luta”. A maioria dos participantes vestia roupas vermelhas e muitos carregavam bandeiras do Brasil, de partidos políticos (PT e PCdoB) e de movimentos sociais, entre eles o MST e a CUT.
Os manifestantes elegeram a Rede Globo como um dos principais alvos do protesto em Porto Alegre. A atuação da emissora na divulgação das notícias envolvendo o ex-presidente Lula foi encarada como “orquestração” para forçar a derrubada do governo Dilma.
A empregada doméstica Lídia dos Santos disse temer que a instabilidade política do país permita que um governo de exceção seja instaurado, como em 1964. “Estou aqui porque quero lutar por um Brasil livre para meus filhos. Eu vivi durante a ditadura e reconheço o golpe quando vejo um em curso”, disse Lídia.
Recife e Manaus No Recife, a manifestação ocupou as ruas do centro da cidade e tomou a Avenida Conde da Boa Vista, uma das maiores da região. Entre os manifestantes, se destacava a presença de grupos de maracatus, de caboclinhos (manifestação cultural popular de Pernambuco), bonecos gigantes de Olinda até o dragão de pano do bloco de carnaval Eu Acho é Pouco.
A maior parte das pessoas vestia vermelho, mas muitos optaram pelo verde e amarelo, entre bandeiras do Brasil e de Pernambuco. A mobilização reuniu partidos, movimentos sociais e sindicais e também pessoas sem ligação com entidades organizadas.
Em Manaus, a manifestação contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff levou cerca de 3.000 pessoas à Avenida Sete de Setembro, no centro da capital do Amazonas, conforme cálculo da Polícia Militar (PM) do Amazonas. Os participantes do ato defendem ainda a democracia e os direitos sociais.
Vestidos de vermelho e branco, usando apitos e carregando bandeiras do Brasil, de movimentos sociais, sindicais e do PT, os manifestantes gritam, a todo momento, “não vai ter golpe”. A presidenta da Associação Afrodescendente e Indígena do Amazonas, professora Elisoneide Rodrigues, foi prestar apoio à presidenta Dilma Rousseff.
“Nós, mulheres negras, a partir dos governos de Lula e da presidenta Dilma, tivemos mais oportunidade de fazer nossas propostas, porque a população negra é uma parcela excluída da sociedade e, no governo deles, teve essa abertura”, disse a professora.