Manifestação bloqueia ferrovia Carajás, da Vale, pelo 4º dia
Cerca de 150 quilombolas interditaram a ferrovia no município de Itapecuru-Mirim, no Maranhão, pedindo a posse das terras da região
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2014 às 15h09.
São Paulo - A Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga as minas de minério de ferro da Vale no interior do Pará ao porto no litoral do Maranhão, entra nesta sexta-feira em seu quarto dia de paralisação, após ser ocupada na terça-feira por manifestantes.
Cerca de 150 quilombolas interditaram o quilômetro 80 da EFC no município de Itapecuru-Mirim, no Maranhão , pedindo a posse das terras da região, segundo informações da companhia e da polícia local.
"O protesto não é direcionado à Vale", disse a empresa, em nota. "A Vale acredita que qualquer ato público ou manifestação deve respeitar o Estado Democrático de Direito e o direito constitucional de ir e vir", completou.
Questionada pela Reuters, a companhia não informou imediatamente de que maneira a paralisação afeta os embarques de minério de ferro no porto localizado em São Luís, capital do Maranhão.
Segundo informações da assessoria de imprensa, em dias normais circulam pela ferrovia cerca de 12 composições, cada uma delas carregando em média 33 mil toneladas de minério, totalizando quase 400 mil toneladas diárias da commodity.
O volume de 400 mil toneladas equivale à capacidade de transporte de cada um dos mega navios da companhia, chamados de Valemax, que ancoram em São Luís e são responsáveis por uma parcela importante dos envios para a China e a Europa.
No segundo trimestre deste ano, o sistema de Carajás, no interior do Pará, produziu 29,3 milhões de toneladas de minério de ferro, ou cerca de 330 mil toneladas por dia.
Carajás, responsável por pouco mais de um terço da produção de minério de ferro da Vale, concentra os principais projetos de expansão da mineradora e depende da EFC para o escoamento.
A Polícia Militar já recebeu uma ordem judicial de reintegração de posse e avalia nesta sexta-feira como executar a liberação da ferrovia.
"A tendência é uma negociação pacífica", disse à Reuters o comandante responsável pela área de Itapecuru-Mirim, major Hormann Schneider.
Ele estima que, em caso de colaboração dos manifestantes, a reabertura da ferrovia possa ser realizada entre esta sexta-feira e o sábado.