Brasil

Maior colônia japonesa do mundo se une em SP após tragédia

Cerca de 1,8 milhões de japoneses ou descendentes vivem na capital paulista e procuram mais informações sobre o terremoto que devastou o país

O bairro da Liberdade, em São Paulo, tradicional local da cultura japonesa na cidade

O bairro da Liberdade, em São Paulo, tradicional local da cultura japonesa na cidade

DR

Da Redação

Publicado em 17 de março de 2011 às 18h04.

São Paulo - A dor pela tragédia vivida no Japão chegou também ao bairro da Liberdade, local no centro de São Paulo que abriga grande parte da maior colônia japonesa no exterior e que, nesta quinta-feira, se juntou para prestar homenagem às vítimas do terremoto e do tsunami de sexta-feira passada.

A vida cotidiana nas ruas da Liberdade, um bairro de classe média com arquitetura e decoração que remetem às de qualquer cidade japonesa, não é a mesma depois da catástrofe que deixou, pelo menos, 11,5 mil mortos ou desaparecidos, dizem os moradores.

A emigração em massa de japoneses ao Brasil começou em junho de 1908 com a chegada ao porto de Santos do navio Kasato Maru, que trouxe a bordo 781 cidadãos japoneses para trabalhar nas plantações de café.

A migração continuou com o passar das décadas e no estado de São Paulo vive, atualmente, mais de um milhão de imigrantes japoneses e descendentes que se integraram à sociedade brasileira sem perder seus costumes e constituem a maior comunidade japonesa do mundo.

As organizações de imigrantes calculam que em todo Brasil vivem mais de 1,8 milhão de japoneses e descendentes até a segunda geração.

Muitos desses descendentes nascidos no Brasil foram há anos para o país de seus pais ou avôs em busca de um futuro melhor baseado na prosperidade econômica japonesa, mas foram surpreendidos pela tragédia, o que obrigou alguns a retornarem para São Paulo.

Pelas bancas de jornais da Liberdade passam, todos os dias, milhares de japoneses, idosos em sua maioria, que querem ter desde cedo e em sua própria língua as últimas informações sobre a situação em sua pátria.

"Infelizmente não é um motivo de alegria para nós que vivemos disto, mas as vendas de jornais japoneses dispararam nos últimos dias. Também cresceu a demanda por publicações da comunidade japonesa", disse à Agência Efe o comerciante Alejandro Okada.

Na banca de Okada, os pedestres param para ler as manchetes presas nas paredes e outros, que não sabem japonês, olham com assombro as fotografias do desastre, renovadas todos os dias.

Okada detalhou que nos dias seguintes ao terremoto e ao tsunami os moradores do bairro queriam saber sobre a quantidade de vítimas e os lugares arrasados, mas agora estão mais preocupados pelo perigo de uma catástrofe nuclear na usina de Fukushima.

A Liberdade, com suas ruas repletas de letreiros comerciais em português e japonês, e iluminado com lanternas vermelhas, é um bairro alegre e cheio de visitantes em busca de gastronomia japonesa, mas desde sexta-feira passada o ambiente é menos festivo.

"As feiras na Liberdade não são as mesmas depois do terremoto e para a do próximo sábado esperamos uma grande quantidade de pessoas com doações para serem enviadas ao Japão porque sabemos que alguns produtos importados começaram a acabar", assinalou à Efe o comerciante Norio Yamusha.

O bairro, que também abriga imigrantes de outros países do Extremo Oriente, reuniu nesta quinta-feira pessoas de diversas religiões na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa para homenagear as vítimas.

O culto ecumênico realizado por um monge budista, um pastor evangélico e um padre católico, terminou com uma oferenda de flores depositada em um altar pelos quase 500 participantes da cerimônia.

O cônsul japonês em São Paulo, Kazuaki Obe, destacou a participação no ato dos cônsules de países como Espanha e Estados Unidos, e assinalou que toda a ajuda que estão recebendo para seus compatriotas será enviada ao Japão por meio da Cruz Vermelha Internacional.

Acompanhe tudo sobre:Ásiacidades-brasileirasDesastres naturaisJapãoMetrópoles globaisPaíses ricossao-pauloTerremotos

Mais de Brasil

PEC que anistia partidos só deve ser votada em agosto no Senado

Servidores do INSS entram em greve por tempo indeterminado

Jogo do Tigrinho deverá ter previsão de ganho ao apostador para ser autorizado; entenda as regras

Após águas baixarem, fóssil achado com 'preservação quase completa', é um dos mais antigos do mundo

Mais na Exame