Brasil

Mundo irá a falência se não estimular consumo, diz Lula

Presidente pede que países tomem decisões pensando nas consequências para as economias mais fracas

O presidente Lula está em Seul para participar da reunião do G20 (Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Lula está em Seul para participar da reunião do G20 (Ricardo Stuckert/PR)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2010 às 13h11.

Seul .- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta quinta-feira uma clara advertência aos países desenvolvidos de que, se eles não aumentarem o consumo, a economia global "pode ir à falência".

"Existe uma visível contradição: por um lado temos economias emergentes, inclusive o Brasil, tomando medidas para aumentar seu consumo (interno), e do outro lado, os países mais ricos, que não estão consumindo, não querem comprar, só querem vender", destacou.

"Se todo mundo vende, quem vai comprar?", questionou o governante brasileiro.

Lula reiterou sua acusação de que tanto China quanto Estados Unidos estão desvalorizando suas moedas para promover as exportações como forma de saída rápida à crise em lugar de aumentar o consumo interno e criar emprego.

O presidente ressaltou que com 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global, as economias emergentes não podem ser as responsáveis por aumentar a demanda no mundo, já que as economias mais ricas detêm os 80% restantes.

Ele reconheceu que a guerra cambial é um dos temas centrais do debate da cúpula que começa nesta quinta e termina na sexta-feira. Para ele, se não houver uma solução, os países adotarão o protecionismo.

Em um encontro com jornalistas em seu hotel de Seul, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acompanhava Lula, afirmou que a China continua praticando esta política de desvalorização há anos, quando era um país em desenvolvimento, mas agora que o país asiático é uma potência econômica, essa política não tem justificativa.

"A China precisa aumentar seu consumo interno", acrescentou Lula.

Os dois criticaram a injeção de US$ 600 bilhões na economia pelo Fed (banco central americano), pois desvalorizará o dólar.

"Não podemos tomar decisões pensando somente em nós, sem levar em consideração o impacto que elas podem ter em outros países menores e em economias mais fracas", assinalou Lula antes do início formal da Cúpula do Grupo dos Vinte (G20, bloco de países ricos e principais emergentes) em Seul.

"É necessário que haja acordos sobre as divisas, senão esta situação levará ao protecionismo", e prejudicará muitas economias, disse Mantega.

No entanto, Lula mostrou-se compreensivo com Washington e descartou pressionar a Casa Branca: Não acho que devemos pressionar os EUA, estas coisas não funcionam assim. Os EUA adotaram essa medida com base em sua visão do problema. Vamos respeitá-los, mas pedimos que eles se responsabilizem, declarou Lula.

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