Luiz Inácio Lula da Silva: presidente deu entrevista coletiva nesta quinta-feira, 18 (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
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Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 06h01.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou 2025 com um dos menores índices de aprovação e sem um discurso afinado da base aliada em defesa de seu terceiro mandato como chefe do Executivo.
A crise desencadeada pela regulamentação do Pix e a revelação do escândalo do INSS somadas à falta de entregas significativas do governo federal levaram o petista ao pior momento político de seu terceiro mandato como presidente.
O ano, porém, foi de idas e vindas na popularidade de Lula e, ao final, acabou melhor do que começou.

Uma das viradas ocorreu no fim de junho, quando o Executivo aproveitou o que parecia a maior derrota do governo no Congresso para se mobilizar e unificar o discurso.
Com vídeos de inteligência artificial e o argumento de que o Congresso defendia os mais ricos enquanto o governo tentava reduzir a carga tributária da população carente, Lula conseguiu reaglutinar sua base eleitoral e saiu das cordas no enfrentamento com o Legislativo.
A desaprovação do governo, que chegou aos 57% no fim de maio, segundo pesquisa Quaest, começou a cair e, depois, teve mais um impulso positivo de popularidade devido à reação de Lula à imposição tarifas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros articulada pelo então deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O enfrentamento com o Congresso em junho começou com a rejeição do decreto presidencial que aumentava a alíquota do Imposto Sobre Operações Financeiras e era visto pela equipe econômica como essencial para aumentar a arrecadação e evitar contingenciamentos.
A oposição, por sua vez, se aliou ao centrão e venceu a disputa sob o argumento verídico de que se tratava de aumento de imposto em um Brasil em que já há uma alta carga tributária.
Independentemente de quem tinha razão, fato é que Lula conseguiu unificar sua base. Posteriormente, o movimento favorável ganhou mais força sob o argumento de defesa da soberania nacional contra o boicote dos Estados Unidos à economia brasileira apoiado por líderes oposicionistas.
A partir de então, a candidatura à reeleição, que era colocada em dúvida até por aliados, passou a ser vista como certa.
Pesquisas de intenção de votos apontam que o petista supera todos os adversários.
O clima de favoritismo tomou conta do governo e cresceu ainda mais após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lançar seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como candidato a presidente em 2026.
O centrão apostava em Tarcísio de Freitas (Republicanos) para enfrentar Lula. A avaliação era de que o governador de São Paulo entraria na disputa com os votos do bolsonarismo e teria maior capacidade de ampliar o eleitorado por ser mais moderado.
Após ser preso, porém, o ex-presidente resolveu apostar em um nome da própria família como forma de não perder o protagonismo da direita. Até o ano que vem, o cenário pode mudar, mas a tendência é que o adversário de Lula seja Flávio Bolsonaro.
O primogênito do ex-mandatário, de acordo com pesquisas da Quaest, em menos de um mês após oficializar a pré-candidatura reduziu de 16% para 10% a diferença em eventual segundo turno contra o PT.
Os números apontam que o Brasil segue polarizado e que a divisão vista em 2022, com a eleição presidencial decidida por 2,1 milhões de votos, deve se repetir.