Brasil

Lobista fez repasses a Santana durante a campanha de Dilma

Houve um pagamento em 10 de julho, um em 6 de setembro e um terceiro em 4 de novembro de 2014 por uma offshore, a Deep Sea Oil Corp, de Zwi Skornicki


	João Santana: houve um pagamento em 10 de julho, um em 6 de setembro e um terceiro em 4 de novembro de 2014 por uma offshore, a Deep Sea Oil Corp, de Zwi Skornicki
 (REUTERS/Rodrigo Paiva/Reuters)

João Santana: houve um pagamento em 10 de julho, um em 6 de setembro e um terceiro em 4 de novembro de 2014 por uma offshore, a Deep Sea Oil Corp, de Zwi Skornicki (REUTERS/Rodrigo Paiva/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 12h24.

Curitiba e São Paulo - A conta atribuída pela Operação Lava Jato na Suíça ao marqueteiro João Santana recebeu três depósitos que totalizaram US$ 1,5 milhão em 2014, período em que ele cuidava da campanha da presidente Dilma Rousseff.

Houve um pagamento em 10 de julho, um em 6 de setembro e um terceiro em 4 de novembro daquele ano. Os pagamentos foram feitos por uma offshore, a Deep Sea Oil Corp, de Zwi Skornicki.

Os repasses constam de uma tabela em poder da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, montada com dados enviados pelo Citibank North America, de Nova York, com base em um pedido de cooperação internacional.

O período em que foram efetuados os três pagamentos põe em xeque a defesa de Santana. Segundo o marqueteiro, os valores recebidos no exterior foram relativos a serviços prestados por ele fora do Brasil.

Em 2014, Santana se dedicou prioritariamente a atender Dilma. Naquele ano, a campanha começou oficialmente em julho e terminou em novembro, com a reeleição dela.

Santana, a mulher e sócia dele, Mônica Moura, e Skornick estão presos em Curitiba - todos são alvo da Operação Acarajé - 23.ª fase da Lava Jato deflagrada anteontem. O casal estava no República Dominicana e se apresentou ontem à PF. Skornicki, apontado como operador de propina, foi preso anteontem.

Pagamentos

Na tabela em poder da Lava Jato estão débitos e créditos da conta mantida no Banque Heritage, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance, que, segundo a força-tarefa, é de Santana - e que passaram pela agência do Citibank em Nova York.

Ao todo, foram identificados nove depósitos da conta secretada de Zwi Skornicki, entre 2008 e 2015, totalizando US$ 4,5 milhões.

"Identificaram-se, ainda, ao menos nove depósitos de Zwi Skornicki e Bruno Skornicki, a partir de conta no banco Delta National Bank & Trust CO. mantida em nome da offshore Deep Sea Oil Corp., em favor da conta do Banque Heritage aberta em nome da offshore Shellbill, cujos beneficiários são João Santana e Mônica Moura, mediante a utilização da conta correspondente do Citibank North America, New York, no valor total de USD 4.500.000", disse o delegado Filipe Hille Pace.

O primeiro pagamento da offshore para a suposta conta secreta de Santana é de 25 de setembro de 2013. Outros dois ocorrem no mesmo ano, em novembro e dezembro. Todas as nove transferências feitas pela Deep Sea Oil a Santana são de US$ 500 mil cada uma.

Em 2014, os primeiros pagamentos foram feitos em fevereiro, março e abril.

Os pagamentos voltaram a ocorrer em julho, quando a campanha eleitoral no Brasil já havia começado oficialmente, em setembro e novembro.

A PF apura informação de que a conta aberta em nome da offshore Shelebill recebeu bem mais do que os US$ 7,5 milhões já identificados com a ajuda dos EUA.

"Não estamos apurando crime eleitoral, nosso interesse é o suposto crime de lavagem de dinheiro", afirmou Pace. A Lava Jato mira no uso de doações como forma de ocultar propina.

TSE

Em manifestação protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ontem, o PSDB pede que sejam acrescentados no processo em que a legenda pede a cassação do mandato de Dilma e do vice Michel Temer os documentos obtidos na Acarajé.

O PSDB também pede que seja tomado o depoimento de Skornicki.

"De grande importância igualmente se faz a oitiva, como testemunha, de Zwi Skornicki, apontado como o responsável pelas remessas de valores irregulares", diz o pedido.

Vice-presidente do TSE, Gilmar Mendes disse ontem que é possível incluir novas provas da Lava Jato no processo em curso no tribunal.

"Os fatos são pré-existentes. As provas é que são novas. E o momento (de incluir novas provas) é esse. Agora que abriu para instrução processual, encerrou essa fase de defesa." 

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