Eduardo Cunha: “Cunha está tentando usar essa jurisprudência para escapar, sob o argumento de que não foi condenado” (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2016 às 17h28.
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) disse hoje (5) que está preocupado com o que chamou de “a última cartada” que estaria sendo preparada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com a ajuda de advogados e aliados, para que a Câmara não acate a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que o afastou da presidência da Casa.
De acordo com Costa, Cunha usa a jurisprudência criada no caso Natan Donadoni, segundo a qual a prerrogativa para cassação de mandato seria do plenário da Casa.
“Cunha está tentando usar essa jurisprudência para escapar, sob o argumento de que não foi condenado”, disse o líder do governo.
Em outra frente, Cunha já estaria atuando para que, em uma eventual eleição para a presidência da Câmara, emplacar um de seus candidatos. “Ele já tem três candidatos: Jovair Arantes (PTB-GO), André Moura (PSC-SE) e Rogério Rosso (PSD-DF)”, afirmou Silvio Costa.
Conforme o vice-líder, em meio ao furacão causado pelo afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara, o presidente interino da Casa, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), pediu que os deputados tenham serenidade para conduzir os trabalhos.
Para Silvio Costa, a disputa entre Maranhão e Eduardo Cunha para definir quem ocupará o cargo “já começou”, uma vez que, em conversa nesta quinta-feira com o interino, ouviu dele argumentações contrárias à eleição que definiria o futuro ocupante do posto.
Sessão informal
Maranhão e Costa se reuniram na manhã de hoje e, com a ajuda de assessores técnicos, foram informados de que novas eleições para a presidência da Casa só serão possíveis caso Eduardo Cunha seja cassado pela própria Câmara dos Deputados.
De acordo com o deputado pernambucano, a reunião deixou claro que, “nesse momento, começou a disputa entre os dois”, visando à definição sobre quem ocupará a cadeira.
Mais cedo, Maranhão foi ao plenário da Câmara, onde chegou a sentar na cadeira da presidência. Em seguida, anunciou o encerramento da sessão, o que gerou protestos de alguns deputados que desejavam discursar.
Uma sessão informal foi instalada e presidida pela deputada Luiza Erundina (PSOL-SP). Na saída, Maranhão disse apenas que seria necessário aguardar os desdobramentos do Supremo Tribunal Federal (STF).
Posteriormente, reuniu-se com alguns líderes, aos quais confirmou a realização da sessão extraordinária desta quinta-feira à tarde.
Ao deixar a reunião, Maranhão foi abordado por jornalistas e reiterou o desejo de que os deputados atuem com serenidade. “Minha palavra é de serenidade [para cumprir a Constituição]”, disse ele.
“A Constituição conduz e baliza nossas atitudes. Portanto, vamos cumprir a Constituição e trabalhar pela casa e pelo Brasil”, completou.