Brasil

Lei seca deve ficar mais rígida para motorista embriagado

Multas serão ampliadas e, em caso de recusa do teste do bafômetro, vídeos e testemunho policial serão aceitos como prova


	Campanha em favor da Lei Seca mostra carro destruído por acidente provocado pela bebida 
 (Marcello Casal Jr./ABr)

Campanha em favor da Lei Seca mostra carro destruído por acidente provocado pela bebida  (Marcello Casal Jr./ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 10h32.

Brasília e São Paulo - No ano em que o número de flagrados pela lei seca na capital paulista deve dobrar, a legislação vai ficar mais rígida, com multa ampliada, e não vai adiantar recusar o bafômetro - até vídeos e testemunho policial serão aceitos como prova. É o que determina projeto aprovado na quarta-feira (12) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que deve ser ratificado na próxima semana em plenário - em caráter de urgência e sessão extraordinária.

O número de blitze da lei na capital paulista, por exemplo, deve ser menor neste ano - até 11 de dezembro, foram 2.094; em 2011, houve 2.273. Mas o número de pessoas alcoolizadas flagradas quase dobrou, de 4.707 para 8.784 (uma por hora).

Já o número de pessoas que passaram pelo bafômetro caiu de 220.079 para 163.730. Para o primeiro-tenente Fernando Vicentim, subchefe do setor operacional do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran), cresceu a eficiência da Operação Direção Segura porque a PM concentrou a ação em vias que podem registrar mais acidentes envolvendo embriaguez.

Vicentim também não acredita que o recorde de flagrados tenha relação com a decisão de março do Superior Tribunal de Justiça (STJ) - que determinou que só testes de bafômetro ou sangue comprovam embriaguez.

Como a Constituição garante ao cidadão o direito de não produzir provas contra si, ficou assegurada a possibilidade de se recusar o teste. Assim, as punições passaram a ficar limitadas, na prática, à suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). "O número de recusas do bafômetro diminuiu", rebateu o subchefe, de 855 casos no ano passado para 423 até terça-feira (11).


O enfraquecimento da lei seca é uma das principais preocupações do texto agora em discussão no Senado. Pela nova legislação, condutores que se recusarem a fazer o teste poderão ser enquadrados criminalmente. A alcoolemia será demonstrada por "exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova admitidos em Direito".

Dobra-se ainda o valor da multa, de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Em casos de reincidência em um período de um ano, o valor passa para R$ 3.830,80. Os teores alcoólicos admitidos pela lei foram mantidos. Hoje, configura-se crime concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue. O relator no Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), havia proposto tolerância zero. Mas, após conversa com a Presidência da Casa, decidiu acatar o texto da Câmara na íntegra, para acelerar a aprovação.

Repercussão

O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) considerou que essa solução é a possível no momento. "Não podemos desprezar os meses que estão por vir. Como é largamente sabido, o número de acidentes de trânsito causados pelo álcool aumenta no fim do ano."

Para o capitão Sérgio Marques, especialista em legislação de trânsito da PM de São Paulo, com a nova lei seca o relato testemunhal dos agentes de trânsito se tornará mais útil nos processos criminais. "Hoje o policial já é testemunha em alguns processos, mas, quando se chega para a análise do Tribunal de Justiça, é tudo arquivado."

Já para o deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), relator do texto na Câmara dos Deputados, o novo projeto tornará o bafômetro contraprova à disposição do condutor. "O motorista vai querer usar o aparelho para tentar se defender da acusação de embriaguez."

Conforme afirmam os líderes do governo no Congresso, a nova lei seca será sancionada pela presidente Dilma Rousseff ainda neste ano. 

Acompanhe tudo sobre:JustiçaLei Seca

Mais de Brasil

Senadores procuram Dino para tentar destravar recursos de emendas parlamentares

Em nova decisão, Dino determina que Câmara responda de forma objetiva questionamentos sobre emendas

Dino nega que bloqueio de emendas corte verbas da saúde e aponta descumprimento de decisão judicial

O 'pós-Sabesp', biogás, restauração florestal: os planos da secretaria de meio ambiente para 2025