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Lava Jato descobre corrupção com bitcoin em penitenciárias do RJ

As autoridades identificaram pagamentos que totalizam 300 mil reais por meio de transações com bitcoin no exterior

PF: a operação, nova fase da Lava Jato no RJ, é mais uma ação da PF contra o amplo esquema de corrupção liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral (Vagner Rosário/VEJA)
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Reuters

Publicado em 13 de março de 2018 às 15h47.

Rio de Janeiro - A nova fase da operação Lava Jato no Rio de Janeiro , que prendeu nesta terça-feira um ex-secretário de Administração Penitenciária do Estado e um delegado da Polícia Civil por desvios de recursos no sistema prisional , descobriu pela primeira vez operações envolvendo bitcoin para lavagem de dinheiro, informou a Receita Federal.

As autoridades identificaram pagamentos que totalizam 300 mil reais por meio de transações com bitcoin no exterior, o que poderia ser um "teste" em busca de novas formas de burlar as fiscalizações, de acordo com o superintendente-adjunto da 7ª Região Fiscal da Receita, Luiz Henrique Casemiro.

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"Nos chamou a atenção na Receita Federal, com relação a essa operação específica, porque pela primeira vez aparecem operações envolvendo bitcoin. Isso é uma novidade, mostra que as pessoas estão tentando sofisticar de alguma forma, talvez voar abaixo do radar da Receita Federal e do Banco Central", disse Casemiro em entrevista sobre a nova fase da operação.

"A ideia eu tenho a impressão que é tentar receber dinheiro no exterior usando esse instrumento, que não é regulado na maior parte dos países. Então é algo que nos chama a atenção, é bastante interessante", acrescentou.

De acordo com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), houve um prejuízo de ao menos 44,7 milhões de reais aos cofres públicos do Estado devido ao esquema de corrupção na compra de alimentos para o regime prisional revelado pelas autoridades nesta terça-feira.

A operação, nova fase da Lava Jato no RJ, é mais uma ação da PF contra o amplo esquema de corrupção liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral na administração do Estado. Cabral, que está preso desde o fim de 2016, já foi condenado em diferentes ações por ter liderado o desvio de recursos públicos em diversas áreas de seu governo.

Foram expedidos mandados de prisão contra 16 suspeitos na chamada Operação Pão Nosso. Inicialmente as autoridades informaram que eram 24 mandados de prisão, mas há mandados duplicados para diversos suspeitos, o que reduz para 16 o número de pessoas a serem presas no âmbito da ação.

Entre os detidos estão o ex-secretário estadual de Administração Penitenciária César Rubens Monteiro de Carvalho e o delegado Marcelo Martins, atual diretor de Polícia Especializada da Polícia Civil. Não foi possível contactar representantes de Carvalho e de Martins de imediato.

"De acordo com as investigações, funcionários públicos da Secretaria de Administração Penitenciária associaram-se aos gestores da Iniciativa Primus --uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)-- e a outros agentes da iniciativa privada para a prática de atos fraudulentos e lesivos, que resultaram em um prejuízo de aproximadamente 44,7 milhões de reais aos cofres do Estado do Rio de Janeiro", disse em comunicado o Ministério Público do Rio de Janeiro, que participa da investigação ao lado da PF e do Ministério Público Federal.

As investigações também apontaram que o patrimônio de César Rubens de Carvalho aumentou ao menos dez vezes enquanto ele esteve à frente da secretaria, de acordo com o Ministério Público.

 

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