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Lava Jato vê transação financeira entre suspeito e prima de José Serra

Os investigadores relacionaram o empresário Pinto Ramos e Vicencia Talan - casada com outro suspeito de intermediar pagamentos indevidos a políticos

Serra: o político afirmou que conhece os personagens citados na investigação, "mas jamais manteve relações comerciais ou políticas com eles" (Susana Vera/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2018 às 08h32.

Brasília e Genebra - Os investigadores da Lava Jato identificaram transações financeiras entre o empresário José Amaro Pinto Ramos e uma prima do senador José Serra (PSDB-SP), Vicencia Talan - casada com Gregório Marin Preciado, suspeito de intermediar pagamentos indevidos a políticos.

Pinto Ramos é apontado pelo ex-presidente da Odebrecht Pedro Novis como intermediário de repasse de R$ 4,5 milhões ao senador entre 2006 e 2007. O tucano nega qualquer relação comercial com os citados.

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O jornal O Estado de S. Paulo apurou que dados sobre as transações financeiras entre a empresa da prima de Serra e a de Pinto Ramos serão requeridos pelos investigadores em Brasília no inquérito que investiga se o senador paulista recebeu propina da Odebrecht.

As informações constam de um laudo pericial produzido pela Polícia Federal no inquérito que apura a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobrás. O marido da prima de Serra é suspeito de operar o pagamento de propina na compra de Pasadena.

A perícia analisou a quebra de sigilo das empresas de Preciado. Os dados foram enviados pela Espanha por meio de um acordo de cooperação. Conforme a PF, as transações realizadas entre 2007 e 2008 foram da conta da Iberbrás Integracion no banco espanhol La Caixa para uma conta da Hexagon Technical Co. no Corner Bank na Suíça.

A offshore Iberbrás está em nome de Vicencia Talan, mas é administrada por Preciado. Segundo informações obtidas na Espanha pela Operação Lava Jato, há transferências em 2007 e 2008 para a conta na Suíça que, em valores atualizados, somam R$ 3,2 milhões.

A Hexagon é uma offshore panamenha e gerida na Suíça por Pinto Ramos. É a primeira vez que a PF identifica uma relação entre uma pessoa próxima ao senador tucano e o empresário.

Em depoimento à PF no dia 31 de janeiro, o próprio Pinto Ramos confirmou ser proprietário da Hexagon e das contas no Corner Bank. O empresário também assumiu não ter declarado a empresa e as contas para a Receita Federal do Brasil.

Serra afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que conhece os personagens citados na investigação, "mas jamais manteve relações comerciais ou políticas com eles". Sobre a delação de Pedro Novis, da Odebrecht, o senador disse que jamais recebeu vantagens indevidas de empresa.

A reportagem ligou para um número de telefone residencial em nome de Gregório Marin Preciado. Uma pessoa que não quis se identificar atendeu e disse que pediria para ele retornar a ligação. Até a conclusão desta edição, nem Preciado nem Vicencia Talan responderam.

O advogado Eduardo Carnelós, defensor de José Amaro Pinto Ramos, confirmou os recebimentos da Iberbrás, mas afirmou que seu cliente jamais conheceu Gregório Marin Preciado, nem sua mulher, e não tinha conhecimento de ligação deles com a offshore.

"É fundamental frisar que esses pagamentos não têm relação com José Serra, cuja ligação com Marin Preciado, Ramos veio a saber também por meio da imprensa. Tampouco aqueles pagamentos guardam relação com os fatos relatados por delatores da Odebrecht", afirmou o defensor de Pinto Ramos.

Segundo Carnelós, os valores recebidos da Iberbrás estão relacionados a uma consultoria para "um grupo de investidores, sobretudo espanhóis", interessados em um projeto de uma termoelétrica no Uruguai. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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