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"Justiça é necessária mas não é suficiente", diz Moro

Durante debate na manhã de hoje no Fórum Veja, o juiz Sergio Moro afirmou que Lava Jato não é “seriado de TV” e que as investigações continuam

O juiz Sergio Moro, durante Fórum Veja em 23/05/2016 (Reuters)

O juiz Sergio Moro, durante Fórum Veja em 23/05/2016 (Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 23 de maio de 2016 às 14h25.

São Paulo – “A ação da justiça é necessária, mas não é suficiente”. Em ao menos dois momentos, o juiz Sergio Moro repetiu essa frase na manhã de hoje no Fórum Veja, que aconteceu em São Paulo.

Responsável pelas ações em primeira instância da operação Lava Jato, Moro foi categórico ao afirmar que, para além de leis e penas mais rigorosas, a epidemia de corrupção só pode ser estancada com profundas reformas estruturais em todas as esferas da sociedade. “Esse é um problema da sociedade e também do governo”, disse.

O ministro Luis Roberto Barroso (STF) – que dividiu o debate com Moro – concorda com essa tese. “Se as eleições não ficarem mais baratas nós vamos ficar correndo atrás desse tipo de corrupção”, afirmou. O problema, na visão dele, é que “a sociedade se acostumou a conviver com o dinheiro sendo drenado do espaço público para irrigar as eleições”.

Moro lembrou que os desmandos não estão restritos ao sistema político. “A corrupção envolve quem paga e por quem recebe”, disse o juiz. “Não é preciso esperar a resposta do Estado. Muito pode ser feito pelas instituições privadas. É dizer não à propina”.

Ele também voltou a repetir que o desvio de recursos públicos é endêmico e que é um equívoco analisar esses fatos em “termos político-partidários”. O ministro Barroso endossou o argumento: “Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção, que é um mal em si que não deve ser politizada”.

Moro também rebateu a teoria de que, após afastamento da presidente Dilma Rousseff, a operação Lava Jato teria perdido seu ímpeto.

“Não é um seriado [de TV]. Claro que a parte mais visível dessa operação consiste nas diligências, nos mandados de busca e apreensão e nas prisões”, disse. “Mas existe um trabalho de investigação, de julgamento dos casos, que são feitos entre quatro paredes”.

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