Justiça autoriza quebra de sigilos de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz
Os sigilos da esposa de Flávio e de uma empresa do senador, assim como da esposa e da filha de Queiroz também foram quebrados
Reuters
Publicado em 13 de maio de 2019 às 22h00.
Última atualização em 14 de maio de 2019 às 10h15.
Rio de Janeiro — O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e do ex-assessor parlamentar do hoje senador Fabrício Queiroz, disseram fontes com conhecimento do assunto nesta segunda-feira (13).
Segundo essas fontes, que falaram sob condição de anonimato porque o processo corre sob sigilo, os sigilos da mulher de Flávio e de uma empresa do senador, assim como da esposa e da filha de Queiroz também foram quebrados.
A assessoria de imprensa do senador confirmou que ele, sua mulher e a empresa de que é dono tiveram os sigilos quebrados. A quebra dos sigilos vale para o período entre 2008 e 2017.
Queiroz passou a ser investigado por movimentações atípicas em sua conta bancária identificadas pelo Conselho de Controle da Atividade Financeira (Coaf) durante uma operação da Lava Jato que teve como alvo deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro acusados de receberem propina no esquema do ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
Segundo dados do Coaf, Queiroz, que foi assessor parlamentar do Flavio Bolsonaro na época em que o atual senador era deputado estadual, teria movimentado em sua conta mais de 1 milhão de reais.
Queiroz disse em entrevistas que fazia "rolo" na compra e venda de carros, mas o Ministério Público do Rio de Janeiro alega que aos movimentações eram complexas e que não havia prova documental das operações de compra e venda de carros.
O ex-assessor também chegou a declarar que administrava os recursos da família e que o dinheiro ganho passava por sua conta.
A defesa de Queiroz minimizou a decisão do TJ do Rio nesta segunda.
"A defesa de Fabrício Queiroz e família recebe a notícia com tranquilidade, uma vez que seu sigilo bancário já havia sido quebrado e exposto por todos os meios de comunicação, sendo, portanto, mera tentativa de dar aparência de legalidade a um ato que foi praticado de forma ilegal", disse o advogado de Queiroz , Paulo Klein.
O senador Flávio Bolsonaro adotou a mesma linha da defesa do ex-assessor para comentar a quebra dos sigilos e destacou que o sigilo bancário já havia sido quebrado ilegalmente pelo MP do Rio de Janeiro sem autorização judicial.
"Tanto é que informações detalhadas e sigilosas de minha conta bancária, com identificação de beneficiários de pagamentos, valores e até horas e minutos de depósitos, já foram expostas em rede nacional após o chefe do MP-RJ, pessoalmente, vazar tais dados sigilosos" disse o senador em nota oficial
"Somente agora, em maio de 2019 --quase um ano e meio depois-- tentam uma manobra para esquentar informações ilícitas, que já possuem há vários meses", acrescentou.
Flávio garantiu não ter cometido nenhum desvio e avaliou que as investigações visam atingir o governo de seu pai.
"A verdade prevalecerá, pois nada fiz de errado e não conseguirão me usar para atingir o governo de Jair Bolsonaro" finalizou.