Júri do caso Yoki começa nesta segunda-feira
Elize Matsunaga será julgada hoje pelo assassinato e esquartejamento do marido, Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro da Yoki
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 10h32.
Última atualização em 28 de novembro de 2016 às 16h07.
São Paulo - Começa nesta segunda-feira, 28, o júri de Elize Matsunaga, de 34 anos, presa desde 2012 por matar e esquartejar o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro do grupo Yoki . O crime aconteceu no triplex onde o casal morava com a filha, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.
Ré confessa, ela tenta provar que trata-se de um crime passional, cometido após briga doméstica. A acusação, por sua vez, sustenta a tese de que ela agiu de forma premeditada, por interesse financeiro e contou com a ajuda de um cúmplice para se livrar do corpo. A pena pode chegar a 33 anos.
O julgamento vai ocorrer no mesmo plenário do Fórum Criminal da Barra Funda, onde Suzane von Richthofen e Gil Rugai foram condenados.
Nas palavras da promotoria, será um "duelo de criar fatos". Elize vai responder por homicídio qualificado, além de destruição e ocultação de cadáver.
Marcos, que tinha 42 anos, foi morto no dia 19 de maio de 2012, após levar um tiro do lado esquerdo do crânio. Ele teve o corpo esquartejado em sete partes, que foram armazenadas por Elize em malas e jogadas numa estrada de Cotia, na Grande São Paulo. Segundo a acusação, o seguro de vida de R$ 600 mil da vítima motivou o crime.
Com um processo de 26 volumes, o julgamento promete ser longo - o plenário foi reservado por cinco dias. Na condução estará o juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5.ª Vara do Júri, o mesmo que atuou no julgamento do seminarista Gil Rugai, condenado a 33 anos e 9 meses de prisão por matar o pai e a madrasta em 2004, em São Paulo.
Testemunhas
Os depoimentos começam após a leitura das peças do processo. São nove testemunhas de acusação, três em comum e nove de defesa. Entre elas, há familiares, policiais e pessoas que conheciam o casal. Apontada como amante de Marcos e pivô da suposta briga entre os dois no dia do crime, a modelo Nathalia Vila Real Lima não foi convocada.
O promotor José Carlos Cosenzo quer provar que o assassinato do herdeiro da Yoki teve três qualificadoras: o motivo torpe, a impossibilidade de defesa e o meio cruel. Entre suas testemunhas, estão o irmão da vítima Mauro Kitano Matsunaga e o detetive Willian Coelho de Oliveira, contratado por Elize para descobrir e filmar a traição do empresário.
Para a acusação, Elize, que praticava tiro, surpreendeu a vítima desarmada. O disparo, dado de cima para baixo, a cerca de 20 centímetros de distância, é um indício de que Marcos não teve chance de se defender. "Ele era bem mais alto do que ela", diz Cosenzo.
A promotoria defende que o crime foi premeditado e que Marcos começou a ser degolado ainda com vida. Segundo o promotor, a bala ficou instalada em um local que não provocou morte instantânea e a vítima engoliu sangue, após o corte no pescoço. Ele também afirma que Elize não agiu sozinha. "Tudo será provado tecnicamente"", afirma.
Já a defesa deve apostar na tese de que se tratou de um crime passional. A hipótese foi admitida pelo delegado Jorge Carrasco, então diretor do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa na época, chamado pelos advogados de Elize como testemunha. Também foi intimada Roseli de Araújo, tia da ré.
Com parentes e pessoas próximas do casal, a defesa deve tentar mostrar que Elize era vítima de violência do marido. "Vamos contar o todo: a personalidade de um e de outro, até o dia dos fatos", diz a advogada da ré, Roselle Soglio.
Segundo a defesa, o disparo foi efetuado a mais de 1,90 metro de distância. Os advogados afirmam, ainda, que Elize não recebeu ajuda de outra pessoa e que o esquartejamento só ocorreu após a morte de Marcos. "Elize merece ser julgada pelo ato que ela praticou, e não por aquilo que a acusação imputa a ela", diz.
Tranquila
Presa em Tremembé, Elize está ansiosa, segundo a defesa. "Ela quer muito esse julgamento. Como qualquer outro detento, quer ter sua situação resolvida", afirma Roselle. "Ela está tranquila em relação à verdade que já foi apresentada. Fez um confissão ampla e bastante completa." A advogada também diz esperar pela absolvição. "Tudo pode acontecer."
Ja o promotor do caso afirma que receberia com "indignação" a sentença com pena inferior a 24 anos. "Nada foi como ela (Elize) falou."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.