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Já teve virada no 2º turno da eleição em SP? Boulos precisa repetir feito raro para superar Nunes

Desde 1992, primeira vez que a eleição municipal teve segundo turno, São Paulo registrou apenas uma reviravolta

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 14h47.

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Além das primeiras pesquisas após o primeiro turno, o histórico das eleições em São Paulo desde a redemocratização mostra um cenário desafiador para o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Desde 1992, primeira vez que a eleição municipal teve segundo turno, houve sete disputas com uma segunda votação, com apenas uma mudança entre quem terminou à frente no primeiro turno e no segundo turno.

Em 2012, o hoje ministro da Fazenda Fernando Haddad fechou o primeiro turno com 28,98% dos votos válidos, contra 30,75% do ex-governador José Serra. A disputa, protagonizada entre PT e PSDB, teve Celso Russomanno e Gabriel Chalita como coadjuvantes, que terminaram a primeira etapa de votação com mais de 10% dos votos válidos cada um.

No segundo turno, Haddad venceu com 3,3 milhões de votos e 55,57% dos votos válidos, superando Serra, que terminou a eleição com 2,7 milhões de votos e 44,43%.

Pesquisas da época mostraram que Haddad conseguiu conquistar a maioria dos votos de Russomanno e Chalita, o que foi determinante para sua vitória.

O contexto da época também explica o resultado. Haddad, que foi ministro da Educação entre 2005 e 2012 e um dos responsáveis por programas como o Prouni e o Fies, era relativamente desconhecido e tinha baixa rejeição.

Levantamentos apontavam ainda para uma alta rejeição de Serra e uma forte demanda por mudança entre os paulistanos. Uma pesquisa Datafolha da época mostrou que 23% dos eleitores afirmaram ter votado em Haddad por ele representar “inovação e mudança”.

Além disso, o PT vinha de um período favorável, após vencer a terceira eleição presidencial consecutiva, e o governo Dilma Rousseff era bem avaliado, em grande parte devido ao desempenho econômico dos governos Lula 1 e 2.

O partido terminou aquele ano com um dos seus melhores desempenhos, elegendo mais de 600 prefeitos, incluindo quatro em capitais.

Em um panorama mais desfavorável e com alta rejeição, Boulos terá que remar contra o histórico para vencer em São Paulo.

O número mágico é mais de 3 milhões de votos no 2º turno

O número-chave para ser competitivo é conquistar mais de 3 milhões de votos no segundo turno.

Boulos conseguiu 700 mil votos a mais neste ano na comparação do que havia recebido no primeiro turno de 2020, somando 1,7 milhão de votos, ficando apenas 25 mil atrás de Nunes. Para ser competitivo no dia da votação, ele precisará conquistar pelo menos 1,3 milhão de votos a mais até o dia 27 de outubro.

O histórico mostra que, para vencer em São Paulo, o candidato precisa de pelo menos 3 milhões de votos. Para isso, Boulos tentará atrair uma parte significativa dos eleitores de Pablo Marçal (PRTB) e de Tabata Amaral (PSB).

O influenciador não declarou apoio a Nunes, mas sempre se posicionou como opositor de candidatos de esquerda. Já Tabata declarou voto em Boulos, mas ainda não indicou se fará campanha para o deputado no segundo turno.

Estratégia de Boulos para o segundo turno

Na última quinta-feira, Boulos foi a Brasília para apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro Fernando Haddad propostas que possam atrair eleitores no segundo turno.

Entre as medidas destacadas por Boulos estão propostas para motoristas de aplicativos como Uber e 99, além de planos para liberar publicidade em táxis e facilitar a transferência de alvarás. Essas iniciativas fazem parte de uma estratégia focada no estímulo ao empreendedorismo.

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