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Ipec: Para 72%, policiais não acreditam em denúncias de violência doméstica

Levantamento revela ainda que 36% das 800 brasileiras entrevistadas já foram vítimas de violência doméstica

Levantamento revela ainda que 36% das 800 brasileiras entrevistadas já foram vítimas de violência doméstica (Carol Yepes/Getty Images)

Levantamento revela ainda que 36% das 800 brasileiras entrevistadas já foram vítimas de violência doméstica (Carol Yepes/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de novembro de 2022 às 16h02.

Sete em cada dez brasileiros afirmam que os policiais não acreditam na seriedade das denúncias de violência doméstica e que a Justiça trata esse tipo de agressão como um assunto pouco importante. É o que revela pesquisa realizada pelo Ipec, em parceria com o Instituto Patrícia Galvão e o Instituto Beja, divulgada na quinta-feira, 17.

No levantamento, ao serem perguntados se a mulher que sofreu violência doméstica procurou algum tipo de ajuda aparecem principalmente as seguintes respostas: delegacia de polícia (42%), delegacia da mulher (39%), amigos e familiares (31%), psicólogo (22%) e advogado (19%). Para 66%, no entanto, a primeira escolha deveria ser uma delegacia da mulher.

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Ainda segundo o estudo, metade da população conhece ao menos uma mulher que sofreu agressões físicas e/ou verbais do (atual/ex) marido, companheiro ou namorado. Ao terem conhecimento de algum caso, a principal reação das pessoas é conversar com a vítima, conforme responderam 58% dos entrevistados, geralmente para aconselhá-la a denunciar para polícia (53%) e a terminar o relacionamento violento (48%). Do total, apenas 17% disseram ter conversado com o agressor.

O levantamento revela ainda que 36% das 800 brasileiras entrevistadas já foram vítimas de violência doméstica. Entre as mais citadas estão violência psicológica (27%) e violência física (17%), com mais relatos entre as mulheres negras do que entre as brancas.

Além disso, uma a cada dez mulheres entrevistadas declarou já ter sofrido violência sexual praticada pelo parceiro (atual ou ex). Entre as participantes do estudo, 7% disseram ter sofrido violência patrimonial, que é quando não podem controlar o próprio dinheiro.

No questionário, 66% dos homens que admitem alguma forma de agressão contra sua parceira, esposa, companheira ou namorada afirmam ter resolvido a situação na conversa.

Ainda de acordo com o estudo, 99% dos participantes acreditam que é preciso ampliar o número de serviços de assistência às mulheres agredidas, incluindo as pequenas e médias cidades do País.

Ao mesmo tempo, 98% dos entrevistados avaliam ser necessário aumentar o número de delegacias especializadas no atendimento à mulher, que hoje existem em apenas 7% das cidades brasileiras.

Entre as medidas que devem ser adotadas a fim de evitar que casos de violência doméstica contra a mulher continuem acontecendo no Brasil, 97% citam campanhas para estimular a denúncia, enquanto 95% defendem o aumento de penas para este tipo de crime.

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Para melhorar o atendimento dos serviços públicos para as mulheres que sofrem violência doméstica os entrevistados citam a garantia de proteção para as que denunciam (99%), a agilidade no andamento da investigação das denúncias (99%) e a ampliação da capacitação de profissionais de saúde e assistência social para reconhecer e orientar vítimas de violência doméstica (98%). Afirmam ainda que deve haver treinamento de funcionários para melhorar o atendimento dos canais de denúncia (98%).

Além disso, para 61% dos entrevistados, o apoio e acolhimento da família e dos amigos é fundamental para que as mulheres que sofrem constantes agressões saiam de relações violentas.

De abrangência nacional, a pesquisa Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica realizou 1.200 entrevistas telefônicas, sendo 800 com mulheres e 400 com homens de 18 anos, entre 14 a 24 de outubro de 2022. Com nível de confiança estimado em 95%, a margem de erro máxima é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos.

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