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Ipea aponta redução 'sutil' das desigualdades regionais

O maior crescimento ocorreu na Região Nordeste, que teve sua participação no PIB nacional ampliada de 12% em 1995 para 13,1% em 2008

Multidão em rua no centro de São Paulo: sudeste perdeu participação no PIB brasileiro (Germano Luders/Exame)

Multidão em rua no centro de São Paulo: sudeste perdeu participação no PIB brasileiro (Germano Luders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 10h41.

São Paulo - O Brasil conseguiu reduzir a desigualdade entre Estados e entre as Regiões do País, de 1995 a 2008, no que se refere à participação no Produto Interno Bruto (PIB) e no PIB per capita das unidades federativas.

O dado foi divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Apesar da redução, o Ipea afirma que essa tendência foi "sutil" e não provocou mudança substancial no padrão de distribuição da atividade econômica no País.

Com base em dados do IBGE, o estudo do Ipea aponta que a Região Sudeste perdeu participação na composição do PIB nacional. Em 1995, os quatro Estados do Sudeste respondiam por 59,1% do PIB. Em 2008, caiu para 56% - apesar disso, apenas São Paulo e Rio de Janeiro são responsáveis por 45% do PIB do País.

O maior crescimento ocorreu na Região Nordeste, que passou de 12% em 1995 para 13,1% em 2008 sua participação no PIB nacional. A Região Centro-Oeste passou de 8,4% para 9,2% no mesmo período; o Norte de 4,2% para 5,1%; e o Sul, de 16,2% para 16,6%.

"Em suma, houve certa desconcentração da atividade econômica, mas ela foi incapaz de mudar substancialmente o perfil regional brasileiro. Isso sugere que distribuição da atividade econômica no território nacional advém de mecanismos econômicos que garantem a estabilidade do sistema, ao menos no curto período aqui examinado", afirma o documento.

Na tabela por Estados, três tiveram redução na participação do índice de riqueza nacional de 1995 a 2008: São Paulo (de 37,3% para 33,1%), Rio Grande do Sul (de 7,1% para 6,6%) e Distrito Federal (de 4,4% para 3,9%).

As maiores variações positivas foram verificadas em Minas Gerais, que em 1995 entrava com 8,6% no PIB nacional e em 2008 participou com 9,3%, e Mato Grosso, que passou de 1% para 1,7%. Segundo o Ipea, "as unidades federativas com PIB per capita menor em 1995 tenderam a apresentar taxas de crescimento maiores".

Centro-Oeste

O relatório do Ipea aponta que o "sucesso do agronegócio e a continuidade da expansão da fronteira agrícola" levaram o Centro-Oeste a aumentar sua participação na economia do País. "Tais progressos, porém, ainda não foram capazes de aproximá-la das duas regiões mais ricas do Brasil (Sudeste e Sul)", indica o relatório.

O Ipea explica que o peso do Distrito Federal para o Centro-Oeste é tão grande que distorce os números para a região. "Sem o DF, a participação do Centro-Oeste no PIB brasileiro cairia de 9,2% para a 5,5%. Mais notável, ainda, é a queda do PIB per capita em 2008: de R$ 20.232, um valor superior ao da região Sul, ele passaria para R$ 14.493."

Desigualdades

As desigualdades regionais, de acordo com o instituto, fazem parte da trajetória de desenvolvimento das economias nacionais e não são exclusivas do Brasil. "Até a França, com sua tradição de políticas regionais, tem quase dois quintos de sua atividade econômica concentrada em duas de suas 26 regiões administrativas", exemplifica.

"Ao iniciar o crescimento econômico moderno, a atividade econômica tende a se concentrar no espaço, uma vez que economias de aglomeração e de urbanização são forças poderosas nas decisões da empresas e indivíduos. Nesse momento, a redução dos custos de transporte, ao integrar os mercados, leva ao aumento da concentração espacial, uma vez que as empresas aglomeradas podem atingir mercados mais amplos", afirma o Ipea.

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