Brasil

Infectologista que assumiu a secretaria de combate à covid deixa o cargo

Luana Araújo ficou apenas 10 dias no comando da secretaria, criada há duas semanas. Segundo revista, ela não aceitou determinações impostas pelo Palácio do Planalto

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga: após críticas, governo criou a secretaria de enfrentamento à covid (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga: após críticas, governo criou a secretaria de enfrentamento à covid (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de maio de 2021 às 17h59.

Última atualização em 31 de maio de 2021 às 12h00.

A recém-criada Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 está sem comando. O Ministério da Saúde informou neste sábado, 22, que a médica infectologista Luana Araújo, anunciada para o cargo de secretária há apenas dez dias, não ocupará mais a função.

"A pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas", disse a pasta em nota.

O decreto que criou a secretaria foi publicado no dia 10 de maio. Dois dias depois, em evento em Brasília, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a médica como a chefe do órgão.

O governo foi criticado por montar uma secretaria específica para combater a covid-19 na estrutura do ministério somente 15 meses após o primeiro caso da doença no Brasil.

Segundo publicou a Revista Veja, Luana Araújo não aceitou determinações impostas pelo Palácio do Planalto e abriu mão de aceitar o cargo.

Em depoimento à CPI da Covid, Queiroga afirmou que tem total autonomia para liderar o ministério e não recebe pressões do presidente Jair Bolsonaro.

Após a confirmação do recuo da médica, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente da CPI, solicitou a convocação de Luana "para que seja possível esclarecer as razões que a levaram a pedir exoneração do cargo de secretária de enfrentamento à covid no Ministério da Saúde após apenas uma semana de trabalho".

Como mostrou o Estadão, Luana Araújo é defensora da vacinação em massa, já declarou ser favorável a medidas restritivas e contra o "kit covid", mesmo para pacientes com sintomas leves. Ela já afirmou também que "todos os estudos sérios" demonstram a ineficácia da cloroquina e que a ivermectina é "fruto da arrogância brasileira" e "mal funciona para piolho".

Durante uma live com o vereador Rafael Pacheco (Podemos), de Adamantina, interior de São Paulo, sua cidade de origem, ela também criticou o uso de hidroxicloroquina contra a covid-19.

"A hidroxicloroquina a gente já sabia que não ia funcionar. E todos os estudos sérios, bem feitos, multicêntricos - quer dizer feitos ao redor do mundo ao mesmo tempo -, cheio de recursos mostram que não funcionou. E ponto", disse Luana na live. "A ivermectina é fruto da arrogância brasileira. O brasileiro não investe em ciência, mas acha que tem a chave para resolver as coisas."

O uso desses remédios foi defendido diversas vezes por Bolsonaro pessoas do governo e aliados políticos desde o início da pandemia. O presidente também acumula críticas da comunidade científica por ser flagrado em aglomerações sem máscara, questionar a eficácia do isolamento social e dar declarações confusas sobre vacinação.

Acompanhe tudo sobre:CPI da CovidGoverno BolsonaroMarcelo QueirogaMinistério da Saúde

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP