TSE: pessoas sem fonte de renda formal doaram quase R$ 35 milhões para eleições deste ano (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de novembro de 2020 às 09h52.
Última atualização em 21 de novembro de 2020 às 09h52.
Os indícios de irregularidades no primeiro turno das eleições municipais deste ano alcançaram a marca de R$ 60,4 milhões, entre doações e pagamentos de serviços, aponta o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre as inconsistências identificadas estão quinze pessoas que, mesmo mortas — com nome incluído no Sistema de Controle de Óbitos —, doaram um total de R$ 19.587,40 para candidatos de todo o País.
Segundo o levantamento feito pelo TSE, foram registradas 9.068 doações de pessoas sem emprego formal, que somaram a elevada cifra de R$ 33,7 milhões. O levantamento ainda encontrou 1.981 doadores que possuem renda incompatível com a quantia repassada — essas pessoas teriam doado um valor total superior a R$ 17 milhões.
O relatório do TSE também identificou um total de 1.227 pessoas que efetuaram doações de R$ 573 mil, mesmo estando inscritas em programas sociais.
Um universo de 1.502 fornecedores sem registro na Receita Federal ou na junta comercial ganharam R$ 2,7 milhões por serviços prestados a candidatos. Os técnicos ainda constaram que 925 fornecedores de campanha possuem relação de parentesco com o candidato ou o vice, recebendo mais de R$ 1,6 milhão.
Além disso, 1.289 fornecedores de campanhas eleitorais possuem em seu quadro de sócios beneficiários do programa Bolsa Família.
O tribunal mapeou os dados a partir de informações coletadas pela Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Tribunal de Contas da União (TCU), Defensoria Pública Federal e o Ministério da Cidadania.
De acordo com o TSE, os números levantados foram encaminhados a tribunais e cartórios eleitorais como "informação de inteligência e direcionamento da fiscalização de contas".