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Indecisão sobre Lula faz PCdoB escolher candidata

Essa é a primeira vez desde a redemocratização do País, em 1985, que o partido lança um nome na disputa pelo Palácio do Planalto

A decisão de lançar Manuela D'Ávila foi tomada diante da instabilidade política do País (Manuela D'Ávila/Facebook/Divulgação)

A decisão de lançar Manuela D'Ávila foi tomada diante da instabilidade política do País (Manuela D'Ávila/Facebook/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de novembro de 2017 às 09h20.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2018 às 17h51.

O PCdoB lançou ontem a pré-candidatura da deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila à Presidência da República. É a primeira vez desde a redemocratização do País, em 1985, que o partido lança um nome na disputa pelo Palácio do Planalto.

Apesar do anúncio, a presidente do partido, Luciana Santos, disse à reportagem que a pré-candidatura não afasta o PCdoB do PT, seu aliado histórico. Segundo ela, a decisão de lançar Manuela D'Ávila foi tomada diante da instabilidade política do País, "sem comprometer a aliança política que possa haver com o PT lá na frente".

"Não há um partido mais defensor do PT do que o PCdoB", disse Luciana. "Nós queremos nos apresentar com mais força para ajudar o conjunto do nosso campo político a retomar a Presidência da República no ano que vem", explicou. Segundo ela, a candidatura vai se consolidar no processo de convenções.

Entre os petistas, as reações ao anúncio do PCdoB foram díspares. A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, comemorou a candidatura de Manuela em seu perfil nas redes sociais. "Grande quadro político, grande mulher! Ali na frente nos encontraremos, Manu!", escreveu no Twitter.

Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lamentou o anúncio. "Respeito o PCdoB, respeito a Manuela, acho que ela é um dos melhores quadros da nova geração. Mas considero a decisão um erro histórico." Ele comparou a decisão à posição dos comunistas em 1954, na crise que levou ao suicídio de Getúlio Vargas. Na época, o partido pressionou pela renúncia.

Para Lindbergh, os comunistas deveriam estar com o PT desde já. "Acho um equívoco em um momento como este, em que querem impedir a candidatura de Lula."

Sete

Desde 1989, os comunistas apoiaram todas as sete candidaturas presidenciais petistas. Com 12 deputados federais em exercício, o partido pode ampliar o tempo de propaganda na TV do candidato que apoiar. Em nota, a sigla disse que o objetivo da candidatura é a "retomada do crescimento, defesa e ampliação dos direitos do povo e reforma do Estado".

Perguntada sobre as declarações recentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho, Luciana Santos afirmou que as falas de ambos - que pavimentam o caminho para alianças do PT com o PMDB e com outros partidos que apoiaram o impeachment da petista Dilma Rousseff - não estremecem as relações entre petistas e comunistas. "O que deve nos mover é barrar a agenda do governo Temer. E, para barrar a agenda, a gente tem que juntar forças", afirmou.

Ela disse também que o PCdoB ainda defende o direito de Lula sair candidato em 2018. O petista é réu na Justiça em sete processos e já foi condenado em um deles a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, sob as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.

Por isso, ele corre o risco de ficar inelegível até a próxima corrida presidencial, caso a decisão seja confirmada em segunda instância. "Consideramos que esse processo que Lula está vivendo é político", disse.

Luciana afirmou ainda que existe a possibilidade de uma aliança entre PT e PCdoB em 2018. Segundo ela, "a instabilidade política é a marca do momento". "Achamos que a nossa pré-candidatura precisa estar posta para o debate nacional, para ver os desdobramentos. Neste momento há necessidade de apresentar essa alternativa."

Manuela D'Ávila, de 36 anos, já cumpriu dois mandatos de deputada federal pelo Rio Grande do Sul, tendo sido a candidata mais bem votada do Estado nas duas eleições. Ela foi também dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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