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Imprensa internacional vê com ceticismo promessas de Bolsonaro na Cúpula

Jornais destacaram discurso do presidente americano e posição de organizações ambientais que questionam políticas ambientais adotadas em sua gestão

Bolsonaro: no evento, o presidente se comprometeu a ampliar a verba para fiscalização ambiental, alcançar a neutralidade climática até 2050 (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de abril de 2021 às 20h29.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 23h04.

A reação internacional ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na cúpula do clima convocada por Joe Biden foi de cautela. A imprensa estrangeira destacou as promessas feitas pelo brasileiro, mas ressaltou que falta credibilidade ao líder e, por isso, elas se tornam apenas promessas sem planos concretos.

Um dos poucos jornais a destacar uma matéria sobre o Brasil dentro do tópico da cúpula, o El País afirmou que "Bolsonaro se apresenta em cúpula do clima com promessas pouco confiáveis", mas citou que o presidente brasileiro "mudou o tom na esperança de conseguir apoio internacional".

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No evento, Bolsonaro se comprometeu a ampliar a verba para fiscalização ambiental, alcançar a neutralidade climática até 2050 e a acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

A britânica BBC não deu destaque ao País, mas citou o pronunciamento do presidente brasileiro em seu 'ao vivo' sobre a cúpula: "Jair Bolsonaro afirma que Brasil está na dianteira", mas afirma que o presidente "colecionou críticas por suas políticas ambientais" ao longo do mandato.

O jornal britânico The Guardian citou o pronunciamento de Bolsonaro, mas não muito destaque à fala. No entanto, publicou um artigo assinado por Marina Silva e Rubens Ricupero dizendo "Bilhões de Joe Biden não vão impedir Bolsonaro de destruir a floresta Amazônica".

A visão americana

O jornal americano The New York Times destacou que "Bolsonaro promete acabar com o desmatamento, apesar de registros mostrarem aumento acentuado" e ilustra a matéria com uma foto de derrubada de árvores no Pará em 2019.

O Washington Post, outro jornal americano, disse: "Bolsonaro faz promessas sobre emissões e desmatamento". O veículo citou jornais brasileiros ao afirmar que as promessas do presidente não refletem suas políticas.

O governo Biden considerou que o tom do presidente Bolsonaro na cúpula foi "positivo e construtivo". Um porta-voz do Departamento de Estado americano afirmou, no entanto, que a credibilidade nas promessas anunciadas "se apoiará em planos sólidos, na execução do trabalho e em um foco implacável nos resultados".

O enviado especial do presidente americano para a diplomacia climática, John Kerry, saudou o compromisso do presidente brasileiro, mas pediu "medidas imediatas e diálogo com as populações indígenas e a sociedade civil para garantir que este anúncio se traduza em resultados concretos".

Organizações

A Human Rights Watch Brasil publicou um comentário sobre a mudança de tom adotada por Bolsonaro, mas ressaltou que foi resultado "da pressão nacional e internacional".

"O problema é que ele tem zero credibilidade, especialmente considerando como seu governo tem ativamente desmantelado a capacidade do Brasil de cumprir esses compromissos e proteger a Amazônia. Agora ele afirmou que duplicará os recursos destinados às ações de fiscalização, mas não disse quando, nem como. Visto que ele passou os últimos dois anos enfraquecendo as agências ambientais, essa seria uma importante mudança de direção. As agências realmente precisam de mais recursos, mas não só isso. É preciso que seja restaurada sua capacidade de trabalho, restabelecendo seus quadros de servidores, e reconhecendo a autoridade de seus agentes para fazer o seu trabalho, inclusive por meio da destruição de equipamentos utilizados no garimpo e desmatamento ilegal", escreveu a organização em sua conta da rede social.

A coordenadora de Clima e Justiça do Greenpeace, Fabiana Alves, afirmou que "falta uma política pública para conter o desmatamento" no Brasil. "É impossível proteger as florestas dando fundos para alguém responsável por níveis recordes de desmatamento na Amazônia e em violações dos direitos humanos", disse.

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