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Imposição de megaeventos esportivos motivam protestos

O comitê fez uma nova convocação para um protesto nos arredores do Maracanã no próximo domingo, dia em que Brasil e Espanha se enfrentam pela final da Copa das Confederações

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2013 às 10h17.

Río de Janeiro - O representante do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas, Gustavo Mehl, afirmou que os 'megaeventos esportivos estão sendo impostos nas cidades' e que chegou a hora de pautar as manifestações de forma mais 'contundente' para não banalizar a agitação popular das cidades brasileiras.

O comitê fez uma nova convocação para um protesto nos arredores do Maracanã no próximo domingo, dia em que Brasil e Espanha se enfrentam pela final da Copa das Confederações, para reivindicar, entre outras coisas, o fim do processo de privatização do Maracanã, da destruição dos entornos do estádio e das remoções em nome de megaeventos no Rio de Janeiro.

Segundo Gustavo Mehl, representante do comitê, foi oportuno que a Copa das Confederações tenha acontecido no meio dessa agitação popular.

'Não é a toa que essas manifestações eclodem com essa proporção justo durante a Copa. Isso 'engrossou o caldo' do descontentamento com a forma que os megaeventos esportivos estão sendo impostos nas cidades, influenciando políticas públicas para satisfazer aos interesses privados', disse à Agência Efe.

Para o representante, houve contradição entre a Fifa e o governo estadual do Rio de Janeiro, 'mais de uma vez', já que os dois parecem discordar publicamente sobre algumas necessidades das obras para a Copa do Mundo.

'Com relação a Aldeia Maracanã (aldeia indígena urbana que pode ser demolida em função das obras nos entornos do estádio), a Fifa declarou que não requisitava a saída dos índios e que era contra a demolição de prédios históricos, desmentindo o governador Sérgio Cabral, que disse publicamente que essas questões eram exigência da Fifa'.


Mehl enfatiza que pautas bem definidas são uma necessidade nos protestos, principalmente depois que a primeira reivindicação, a revogação do aumento das passagens de transporte público, foi anunciada pelo governo de várias cidades brasileiras, entre elas, São Paulo e Rio de Janeiro.

'Nossas pautas dialogam diretamente com as insatisfações em relação à Copa do Mundo e às Olimpíadas, à relativização de direitos, aos gastos públicos, à privatização. Não respondemos pela totalidade de pessoas que vão para as ruas, mas nos assumimos como um grupo que é referência nesse âmbito e temos nossas demandas nesse sentido', disse à Efe.

Para o representante, brigar por temas genéricos, como a corrupção, pode fazer o movimento perder o foco.

'Nós somos contra a corrupção, todos são, não conheço ninguém que seja a favor. Queremos debater a corrupção sim, mas a partir das relações entre as grandes empresas e os governos, ou da forma como o futebol é gestionado no Brasil em relação à mídia, à CBF, aos clubes, à Fifa, por exemplo. Fazer uma pauta de corrupção sem especificar os agentes dessa corrupção é esvaziar as nossas razões e pode banalizar o movimento', disse.

Bradar por um impeachment da presidente Dilma Rousseff também está longe de ser uma solução para Gustavo Mehl.

'Nós temos muitas críticas contra o governo federal, mas sabemos que não é um pedido de impeachment ou um simples 'não à Dilma' genérico que leva as pessoas para as ruas. As pautas precisam ser contundentes', concluiu.


Para Mehl, apesar do processo de agitação ter começado como reação às altas no preço do transporte público, ele só atingiu nível nacional por causa dos abusos da polícia. 'No início das manifestações, que reuniam algumas centenas de pessoas, começou uma forte repressão policial. Isso criou outra pauta em todos os espaços coletivos, refletindo a violência policial e a criminalizaçao dos protestos'.

Segundo o manifestante, um dos grandes responsáveis por impulsionar essa onda de protestos foi o que ele chama de 'democratização dos meios de comunicação'.

'Houve uma distorção na forma em que os grandes meios divulgavam as manifestações, criminalizando o movimento. Enquanto isso, na internet, os relatos mostravam o outro lado, como as pessoas se sentiram participando dessas manifestações e isso foi o que democratizou a informação', afirmou.

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