Iedi: PIB acima do esperado não é sinal de aquecimento
Economista-chefe da entidade diz que perda de ritmo da economia em relação a trimestres anteriores chama mais a atenção
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2010 às 17h13.
São Paulo - Os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta sexta-feira (3/09) surpreenderam o mercado, vindo acima das expectativas. Entretanto, na opinião do economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério de Souza, eles não chegam a levantar dúvidas sobre a ação do Banco Central para manter o crescimento da economia sob controle.
"Apesar dos números terem sido maiores do que o esperado pelo mercado, ainda assim, o que salta aos olhos é que a economia recuou", diz Souza. Ele se refere ao fato de que a expansão trimestral do PIB vinha se mantendo acima de 2% desde o terceiro trimestre de 2009. Já no segundo trimestre deste ano, o avanço foi de 1,2%.
Com base neste raciocínio, o economista afirma que os dados não geram temores de uma pressão inflacionária, nem da volta do ciclo de aperto monetário. Isso porque a relação entre os investimentos no país, representados pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), e o consumo das famílias ainda é favorável.
No segundo trimestre do ano, a FBCF aumentou 2,4% em relação ao período anterior. Nesta mesma base de comparação, o consumo das famílias evoluiu 0,8%. "A FBCF ainda cresce bem acima (do consumo), ou seja, nossa produção faz frente à demanda. Este é um dado muito bom, e que nem sempre é abordado pelos analistas", diz Souza.
Equilíbrio
Apesar de apontar o recuo na economia e no consumo das famílias, o economista-chefe do Iedi diz que os dados do PIB são positivos. "O ritmo não está desaquecendo. Houve uma perda de força com relação ao primeiro trimestre, mas por uma série de fatores que estimulavam o crescimento e que foram retirados", afirma. Para ele, a tendência é de uma expansão mais moderada que no primeiro trimestre, mas acima da observada no segundo.
Souza destaca a indústria como setor chave em 2010. Apesar da perda de fôlego observada no segundo trimestre (1,9% contra 4% no trimestre anterior), é esperado que o setor volte a puxar a expansão do PIB nos próximos períodos.
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