Exame Logo

IBGE: metade da população se sente insegura onde vive

Ao todo, são 77 milhões de pessoas com medo de andar pelas ruas brasileiras por causa da violência

Sensação de insergurança ainda é grande na população brasileira (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2010 às 09h23.

Rio de Janeiro - Quase a metade (47,2%) dos brasileiros com dez ou mais de idade se sentem inseguros nas cidades onde vivem, revelou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Suplemento de Vitimização e Justiça da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009. São 77 milhões de pessoas com medo de andar pelas ruas por causa da violência.

A sensação de segurança aumenta gradativamente quando a referência é o bairro de residência - onde 67,1% declararam se sentir seguros - e o domicílio (78,6%). Isso significa que, à medida que a população se afasta do local em que mora, o sentimento de insegurança aumenta. No entanto, mesmo em casa, quase um em cada cinco brasileiros se mostram inseguros.

Veja também

Os menores porcentuais de sensação de segurança foram registrados na Região Norte: 71,6% no domicílio, 59,8% no bairro e 48,2% na cidade. O Estado do Pará lidera o ranking nacional de insegurança. Lá, apenas 36,9% se sentiam seguros nas cidades onde moravam. Já a Região Sul apresentou as maiores proporções de sentimento de segurança: 81,9%, 72,6% e 60,5%, respectivamente. Entretanto, a maior sensação de segurança foi registrada no Tocantins.

O estudo mostra que, nos domicílios, quanto maior é a renda das famílias, maior a sensação de segurança. Já nos bairros e nas cidades, a relação se inverte: as famílias com menores rendimentos se sentem mais seguras.

O IBGE aponta que moradores de áreas rurais também se sentem mais seguros. Quando a referência é a cidade onde vivem, a diferença chegou a quase vinte pontos porcentuais em relação a moradores de áreas urbanas: 69,3% se sentem seguros em áreas rurais, ante 49,7%. Os homens se declaram mais seguros que as mulheres tanto em casa como no bairro e na cidade. A sensação de segurança estava mais presente na faixa etária de 10 a 15 anos de idade.

Roubos e furtos

No período de um ano, 11,9 milhões de brasileiros foram vítimas de roubo ou furto, informa o IBGE. O número representa 7,3% da população com dez anos ou mais de idade.

Em 1988, o porcentual era de 5,4%. Somando o grupo de vítimas de roubo e furto e o de tentativa de roubo e furto, a sensação de insegurança da população chegou a 70,4%, ante 47,2% para toda a população de 10 anos ou mais. O total de vítimas de furto, 6,4 milhões (3,9%), foi maior que o de roubo.

Na Região Norte foi registrado o maior porcentual de pessoas roubadas: 5,6%, ante 2,5% no Sul, o menor. O Pará lidera o ranking nacional de vítimas de roubo, com 7,7%. Já o crime de furto atingiu maior proporção na Região Centro-Oeste (5,5%). O porcentual de vítimas de roubo ou furto foi maior entre os homens (8,3%) do que entre as mulheres (6,4%). O maior porcentual de vítimas foi verificado no grupo de pessoas entre 16 e 34 anos. Quanto maior a renda, maior a proporção de vítimas desses crimes.

Os roubos foram concentrados em vias públicas (70,5% dos casos). Já os furtos ocorreram mais em residências (47,6%). Telefone celular e dinheiro, cartão de débito ou de crédito ou cheque foram os principais alvos de roubo. Na pesquisa anterior, de 1988, o bem roubado com mais frequência era dinheiro, depois joias ou relógios. Nas regiões Norte e Nordeste, em 2009, os porcentuais de roubo e furto de telefone celular ultrapassaram os de dinheiro, cartão e cheque. Já no Sul e Sudeste, ocorreu o inverso.


Mais da metade das vítimas tanto de roubo quanto de agressão não procuraram a polícia para denunciar os crimes. No grupo das vítimas de roubo que não procuraram a polícia (51,6%), o principal motivo apontado foi não acreditar na corporação (36 4%). Entre as vítimas de roubo que procuraram a polícia, mas não fizeram o registro, 24,9% afirmaram não acreditar na corporação.

Dispositivo de segurança

Grade em janelas ou portas é o dispositivo de segurança preferido pelos brasileiros. Mais de um terço (35,7%) dos domicílios estão gradeados no País. Em seguida vêm olhos mágicos correntes no trinco da porta ou interfones, presentes em um em cada cinco (20,4%) dos lares. Cerca eletrificada, muro com mais de dois metros de altura ou arame farpado (18,8%) também são muito usados, assim como fechaduras extras e barras contra arrombamento (18,4%). Já os cachorros protegem 9,4% das residências.

Segurança privada e/ou cancela foi a opção em 6,7% dos domicílios brasileiros; já as câmeras de vídeo chegaram a 4,2% dos lares. Isso significa que 34,8 milhões de domicílios (cerca de 60% do total) usavam pelo menos um dispositivo de segurança, informa o IBGE. O índice chegou a 64,9% dos domicílios em áreas urbanas, ante 28,5% em áreas rurais.

O porcentual de domicílios com dispositivo de segurança foi sempre maior em áreas urbanas, com exceção da utilização de cachorro, presente em 12,8% dos lares em áreas rurais e em 8,8% em áreas urbanas.

O perfil das vítimas de agressão no País, traçado pelo IBGE, revela o alto índice de mulheres atacadas pelos próprios cônjuges ou ex-cônjuges e mostra que a maioria dos agredidos é formada por negros e pardos. A baixa proporção de pessoas que denunciam a agressão à polícia é outra constatação da pesquisa, com dados de 2009.

Mulheres denunciam mais que os homens. A estimativa do IBGE é de que 2,5 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade foram vítimas de agressão no período de um ano antes da coleta dos dados, realizada em 2009.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de Brasilqualidade-de-vidaViolência urbana

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame