IBGE: 42,3% dos índios vivem fora de terras reconhecidas
Dentre as regiões do país, a situação é mais comum no Sudeste, onde 84% dos 99,1 mil índios na região estão fora de suas terras, principalmente em SP e RJ
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 20h47.
Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 57,7% dos 896 mil índios no país vivem em 505 terras indígenas reconhecidas pelo governo até 2010, o equivalente a 516,9 mil índios. Porém, 379 mil estão fora dessas terras, o que indica a necessidade de ampliação e criação de novas terras, mas também aponta para a migração em busca de educação e de renda, segundo especialistas.
Dos 42,3% índios que não estão nas terras originais, 78,7% habitam áreas urbanas. Dentre as regiões do país, a situação é mais comum no Sudeste, onde 84% dos 99,1 mil índios na região estão fora de suas terras, principalmente em São Paulo (93%) e no Rio de Janeiro (97%). Outros estados como Goiás (96%), Sergipe (94%) e Ceará (86%) também têm percentuais elevados.
No Rio, a busca por uma vida na cidade trouxe índios migrantes para o antigo Museu do Índio, na zona norte da capital. Lá, um grupo de cerca de 20 pessoas - de etnias como Guajajara (MA), Apurinã (AM) e Fulni-Ô (PE) - acabou se fixando. Enquanto as reivindicações por habitação e educação não são atendidas, sobrevivem do artesanato e de apresentações culturais.
No Sudeste, no entanto, também há casos de índios que deixam suas terras por falta de espaço. Se sentindo apertados devido ao pequeno território, os guaranis, do sul fluminense, se desmembraram em aldeias menores. Parte foi para um antigo sítio indígena em Niterói e os demais permanecem próximos às terras Guarani Araponga, Guarani de Bracuí e Parati Mirim, somando 2,8% dos índios no estado.
Para o professor de antropologia da Universidade de Campinas (Unicamp), José Maurício Arruti, a migração econômica é uma das explicações para a quantidade de índios fora das aldeias reconhecidas, mas não o único fator. “Tem a ver também com o estabelecimento de núcleos antigos de migração [nas cidades] e com problemas territoriais na origem, que expulsam, principalmente novas gerações”, afirmou.
Outra razão que pode explicar o aumento de índios fora da área original é um fenômeno chamado etnogênese, quando há "reconstrução das comunidades indígenas" que supostamente teriam desaparecido. Há indícios de que seja o caso da Região Nordeste, onde 54% dos índios vivem fora de suas terras, segundo o professor de antropologia da Unicamp.
“Observando o aumento de grupos indígenas no Ceará, por exemplo, nos últimos 20 anos, é de se imaginar que o aumento da autoatribuição tem a ver com a ampliação de grupo indígenas no estado, estejam eles em terras indígenas ou não”, avaliou Arruti, mas sem descartar que mais pesquisas e dados são necessários para apontar as razões para o número de índios fora das terras.
Em três unidades da federação, os índios encontrados vivem fora de aldeias - Distrito Federal (6 mil), Piauí (2,9 mil) e Rio Grande do Norte (2,5 mil). Nesses locais, não há território indígena reconhecido.
Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 57,7% dos 896 mil índios no país vivem em 505 terras indígenas reconhecidas pelo governo até 2010, o equivalente a 516,9 mil índios. Porém, 379 mil estão fora dessas terras, o que indica a necessidade de ampliação e criação de novas terras, mas também aponta para a migração em busca de educação e de renda, segundo especialistas.
Dos 42,3% índios que não estão nas terras originais, 78,7% habitam áreas urbanas. Dentre as regiões do país, a situação é mais comum no Sudeste, onde 84% dos 99,1 mil índios na região estão fora de suas terras, principalmente em São Paulo (93%) e no Rio de Janeiro (97%). Outros estados como Goiás (96%), Sergipe (94%) e Ceará (86%) também têm percentuais elevados.
No Rio, a busca por uma vida na cidade trouxe índios migrantes para o antigo Museu do Índio, na zona norte da capital. Lá, um grupo de cerca de 20 pessoas - de etnias como Guajajara (MA), Apurinã (AM) e Fulni-Ô (PE) - acabou se fixando. Enquanto as reivindicações por habitação e educação não são atendidas, sobrevivem do artesanato e de apresentações culturais.
No Sudeste, no entanto, também há casos de índios que deixam suas terras por falta de espaço. Se sentindo apertados devido ao pequeno território, os guaranis, do sul fluminense, se desmembraram em aldeias menores. Parte foi para um antigo sítio indígena em Niterói e os demais permanecem próximos às terras Guarani Araponga, Guarani de Bracuí e Parati Mirim, somando 2,8% dos índios no estado.
Para o professor de antropologia da Universidade de Campinas (Unicamp), José Maurício Arruti, a migração econômica é uma das explicações para a quantidade de índios fora das aldeias reconhecidas, mas não o único fator. “Tem a ver também com o estabelecimento de núcleos antigos de migração [nas cidades] e com problemas territoriais na origem, que expulsam, principalmente novas gerações”, afirmou.
Outra razão que pode explicar o aumento de índios fora da área original é um fenômeno chamado etnogênese, quando há "reconstrução das comunidades indígenas" que supostamente teriam desaparecido. Há indícios de que seja o caso da Região Nordeste, onde 54% dos índios vivem fora de suas terras, segundo o professor de antropologia da Unicamp.
“Observando o aumento de grupos indígenas no Ceará, por exemplo, nos últimos 20 anos, é de se imaginar que o aumento da autoatribuição tem a ver com a ampliação de grupo indígenas no estado, estejam eles em terras indígenas ou não”, avaliou Arruti, mas sem descartar que mais pesquisas e dados são necessários para apontar as razões para o número de índios fora das terras.
Em três unidades da federação, os índios encontrados vivem fora de aldeias - Distrito Federal (6 mil), Piauí (2,9 mil) e Rio Grande do Norte (2,5 mil). Nesses locais, não há território indígena reconhecido.