Samarco: atraso nas obras, juntamente com o início das chuvas, traz um "desafio" para o momento (Corpo de Bombeiros/MG - Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 12h08.
Belo Horizonte - Balanço do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apresentado na manhã desta terça-feira, 25, em Belo Horizonte sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, tragédia ambiental que completa um ano no próximo dia 5, aponta atraso na construção de obras para contenção de rejeitos e também no repasse de recursos a municípios para investimentos em saneamento.
Em relação às obras, a presidente do Ibama, Sueli Araújo, afirma que serão suficientes, mas que o atraso, juntamente com o início das chuvas, traz um "desafio" para o momento.
"Com a chuva você não sabe o que vai ocorrer entre Fundão (a barragem da Samarco que ruiu) e Candonga (a represa hidrelétrica que fica no Rio Doce, curso d'água que recebeu a maior parte dos rejeitos, a cerca de 100 quilômetros do local do acidente)." A estrutura conteve parte dos rejeitos que vazaram de Fundão no dia 5 de novembro.
De acordo com o Ibama, há hoje 43,5 milhões de metros cúbicos de metros cúbicos de lama entre Fundão e Candonga. "Reconhecemos o atraso. Não estamos falando que está bem. Falamos que está monitorado", disse Sueli.
As medidas que vêm sendo tomadas foram definidas no acordo fechado entre a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, com a União e os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
O acordo foi questionado na Justiça pelo Ministério Público Federal em Minas Gerais, que alegou não ter havido participação da população.
A Justiça ainda não decidiu se o acordo valerá ou não. "(O termo) é válido entre as partes independente da decisão judicial", afirmou Sueli. As obras estão a cargo da Samarco.
A presidente do Ibama disse ainda R$ 50 milhões, de um total de R$ 500 milhões previstos no acordo, para municípios investirem em água e esgoto estão atrasados.
A justificativa foi o período eleitoral, segundo Sueli. Em função das chuvas, conforme a presidente do Ibama, existe a possibilidade de aumento da turbidez da água no Rio Doce, prejudicando a captação de água para consumo humano.
A presidente do Ibama afirmou ainda que um plano de ação emergencial será implantado para informar a população sobre cuidados a serem tomados em caso de aumento do carreamento de rejeitos para o Rio Doce e afluentes.
O aumento da turbidez pode indicar presença de metais pesados na água.