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Em seis anos, Haddad quer trocar bolsa-aluguel por locação

Fernando Haddad quer acabar com o auxílio financeiro para aluguel e trocar por locação direta em prédios vazios, invadidos ou em processo de desapropriação

Prédio ocupado: uma das alternativas para substituir bolsa-aluguel é conceder moradia em prédios ocupados ou em processo de desapropriação (Monica Alves/Cartografia Direitos Humanos)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2016 às 13h44.

São Paulo - A gestão Fernando Haddad (PT) quer acabar com o modelo atual do bolsa- aluguel , auxílio no valor de R$ 400 mensais concedido pela Prefeitura para famílias transferidas de áreas de risco ou em processo de reintegração de posse, por exemplo.

O objetivo é que o pagamento direto, em dinheiro, para bancar a nova moradia deixe de existir gradativamente em seis anos.

Em troca, a administração propõe novas formas de atendimento, que incluem aluguel de prédios vazios, invadidos ou em processo de desapropriação e até de unidades de uso compartilhado.

As propostas constam da versão preliminar do novo Plano Municipal de Habitação, que será encaminhado à Câmara Municipal após as eleições.

O documento cita o grande volume de beneficiários - quase 28 mil -, a falta de monitoramento adequado dos auxílios e a quantia elevada de recursos necessários para manter o programa: R$ 150 milhões por ano.

Na prática, a principal mudança diz respeito à autonomia do beneficiário. Se a mudança sugerida for aprovada na Câmara, os atendidos não terão mais escolha.

Para assegurar a continuidade da ajuda, eles terão de aceitar viver nos prédios determinados pela Prefeitura, que quer ocupar a região central.

A intenção, segundo o secretário municipal de Habitação, João Sette Whitaker, é assegurar que o benefício seja empregado de fato com fins de moradia e em locais que apresentem condições de habitabilidade, após análises prévias.

A nova política ainda tem dois potenciais "efeitos colaterais", na análise da Prefeitura: a ocupação ordenada de prédios abandonados no centro e a pressão para baixo dos valores praticados pelo mercado imobiliário. Isso se os valores pagos pela administração forem aceitos pelos locatários.

"O Serviço de Moradia Social é um programa habitacional, com quatro diferentes modalidades. A bolsa-aluguel permanece, mas agora vamos até o fim. Vamos pagar diretamente ao locatário. Com isso, evitaremos que gente que more fora da cidade ou mesmo do Estado receba o auxílio. Identificamos pessoas vivendo no Piauí e que estão recebendo", diz.

Segundo estipula o plano, essa modalidade abrangerá 20% dos atendidos, ao longo de 16 anos. As famílias serão encaminhadas a outros modelos.

Entre eles está a concessão de um cômodo, e não de uma unidade completa, para parte dos cadastrados, a exemplo do que ocorre no programa De Braços Abertos, que atende usuários da Cracolândia. O mesmo poderia ser feito com moradores de rua.

O secretário ressalta que todas as modalidades previstas são provisórias e serão trabalhadas paralelamente à produção de moradia para atendimento final.

Estima-se que só a demanda emergencial (resultado da necessidade de remoção total) seja de 90 mil unidades. "Não se atende uma população com um modelo só. É preciso ter alternativas. É preciso oferecer um cômodo por um ano, depois uma unidade transitória até que se alcance a moradia definitiva."

Fiador

Para o secretário executivo do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Luiz Kohara, a Prefeitura deve liderar o processo de locação, a fim de garantir os direitos dos atendidos.

"Simplesmente repassar dinheiro não resolve. Essas pessoas têm muitas necessidades e podem acabar usando a verba para outra finalidade. O correto é o poder público participar desse processo, assumindo, até mesmo, o papel de fiador."

Kohara ressalta, porém, que a Prefeitura ainda precisa detalhar como será a seleção dos prédios e a divisão das famílias. "Não se pode retirar a pessoa da região onde ela vive, trabalha e onde seus filhos estudam."

Para o promotor de Justiça Marcus Vinicius dos Santos, o modelo proposto pode levar a questionamentos quanto à escolha dos imóveis, o preço a ser pago por eles e os benefícios oferecidos aos proprietários. "Além disso, uma mudança que não seja acompanhada de um incremento no volume de recursos pouco adiantará."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O objetivo é que o pagamento direto, em dinheiro, para bancar a nova moradia deixe de existir gradativamente em seis anos.

Em troca, a administração propõe novas formas de atendimento, que incluem aluguel de prédios vazios, invadidos ou em processo de desapropriação e até de unidades de uso compartilhado.

As propostas constam da versão preliminar do novo Plano Municipal de Habitação, que será encaminhado à Câmara Municipal após as eleições.

O documento cita o grande volume de beneficiários - quase 28 mil -, a falta de monitoramento adequado dos auxílios e a quantia elevada de recursos necessários para manter o programa: R$ 150 milhões por ano.

Na prática, a principal mudança diz respeito à autonomia do beneficiário. Se a mudança sugerida for aprovada na Câmara, os atendidos não terão mais escolha.

Para assegurar a continuidade da ajuda, eles terão de aceitar viver nos prédios determinados pela Prefeitura, que quer ocupar a região central.

A intenção, segundo o secretário municipal de Habitação, João Sette Whitaker, é assegurar que o benefício seja empregado de fato com fins de moradia e em locais que apresentem condições de habitabilidade, após análises prévias.

A nova política ainda tem dois potenciais "efeitos colaterais", na análise da Prefeitura: a ocupação ordenada de prédios abandonados no centro e a pressão para baixo dos valores praticados pelo mercado imobiliário. Isso se os valores pagos pela administração forem aceitos pelos locatários.

"O Serviço de Moradia Social é um programa habitacional, com quatro diferentes modalidades. A bolsa-aluguel permanece, mas agora vamos até o fim. Vamos pagar diretamente ao locatário. Com isso, evitaremos que gente que more fora da cidade ou mesmo do Estado receba o auxílio. Identificamos pessoas vivendo no Piauí e que estão recebendo", diz.

Segundo estipula o plano, essa modalidade abrangerá 20% dos atendidos, ao longo de 16 anos. As famílias serão encaminhadas a outros modelos.

Entre eles está a concessão de um cômodo, e não de uma unidade completa, para parte dos cadastrados, a exemplo do que ocorre no programa De Braços Abertos, que atende usuários da Cracolândia. O mesmo poderia ser feito com moradores de rua.

O secretário ressalta que todas as modalidades previstas são provisórias e serão trabalhadas paralelamente à produção de moradia para atendimento final.

Estima-se que só a demanda emergencial (resultado da necessidade de remoção total) seja de 90 mil unidades. "Não se atende uma população com um modelo só. É preciso ter alternativas. É preciso oferecer um cômodo por um ano, depois uma unidade transitória até que se alcance a moradia definitiva."

Fiador

Para o secretário executivo do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Luiz Kohara, a Prefeitura deve liderar o processo de locação, a fim de garantir os direitos dos atendidos.

"Simplesmente repassar dinheiro não resolve. Essas pessoas têm muitas necessidades e podem acabar usando a verba para outra finalidade. O correto é o poder público participar desse processo, assumindo, até mesmo, o papel de fiador."

Kohara ressalta, porém, que a Prefeitura ainda precisa detalhar como será a seleção dos prédios e a divisão das famílias. "Não se pode retirar a pessoa da região onde ela vive, trabalha e onde seus filhos estudam."

Para o promotor de Justiça Marcus Vinicius dos Santos, o modelo proposto pode levar a questionamentos quanto à escolha dos imóveis, o preço a ser pago por eles e os benefícios oferecidos aos proprietários. "Além disso, uma mudança que não seja acompanhada de um incremento no volume de recursos pouco adiantará."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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