Guedes critica Macron comparando incêndio na Amazônia com Notre Dame
"Tocaram fogo na igreja dele", disse o ministro, apesar de não haver indícios de que o fogo foi causado de forma deliberada
Agência O Globo
Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 09h45.
Última atualização em 19 de dezembro de 2019 às 10h50.
Brasília — O ministro da Economia, Paulo Guedes , comparou nesta quarta-feira (18), as queimadas da Amazônia com o incêndio na catedral de Notre Dame, em Paris.
Em entrevista à Globo News, Guedes afirmou que o presidente da França, Emmanuel Macron, não conseguiu preservar esse patrimônio.
"Você vê a dificuldade do Macron para impedir que queimassem a Notre Dame. Queimaram Notre Dame, queimaram a igreja. Ele não conseguiu dar conta do Patrimônio da Humanidade. Tocaram fogo na igreja dele. E ele está preocupado porque estão tocando fogo na floresta", disse o ministro.
Não há indícios até hoje de que o fogo tenha sido criminoso ou causado de forma deliberada, e a polícia trabalha com a hipótese de que houve um curto-circuito na igreja, que estava em restauração.
Guedes disse que não tem dinheiro para policiar toda a floresta. "Nós não temos recursos para policiar a Amazônia, que é do tamanho da Europa. Mas nós vamos tentar."
Durante a crise desencadeada por conta dos incêndios na floresta, em agosto, o presidente francês chegou a citar a possibilidade de dar status internacional para proteger a Amazônia. Guedes disse que, se isso ocorresse, o Brasil poderia pedir o mesmo para a Notre Dame.
"Se o Macron conversar a comunidade internacional que tem que tomar conta da nossa Amazônia, de repente o Brasil vai pedir também uma força internacional para preservar o patrimônio cultural da humanidade em Paris, porque tocaram fogo na Notre Dame e o Macron não conseguiu impedir", afirmou.
Apesar do discurso, o ministro disse que falta habilidade do governo. Ele afirmou que o Brasil tem a matriz energética mais limpa do mundo. "Como um país que tem a matriz energética mais limpa do mundo tomar uma bronca de quem tocou fogo nas florestas todas?", questionou.
O ministro também disse que o país preservou os indígenas:
"Aqui sai no jornal quando um índio (morre). Não é caso de extermínio, de genocídio. Menos de 0,5% da população é indígena e eles têm 14% do território nacional. Ninguém preservou ou deu território assim para uma etnia."
Para o ministro, é melhor direcionar os recursos para saneamento básico. "É muito mais importante um recurso de saneamento aqui, onde estão morrendo pessoas, e não lá onde morreu uma árvore", afirmou.