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Grupos a favor e contra Lula levam tensão às ruas

Durante a sexta-feira, manifestantes contrários e favoráveis ao PT protestaram em vários lugares do país


	Protestos: manifestantes favoráveis e contrários ao PT participaram de atos de rua de ontem na frente do Aeroporto de Congonhas
 (Nelson Almeida / AFP)

Protestos: manifestantes favoráveis e contrários ao PT participaram de atos de rua de ontem na frente do Aeroporto de Congonhas (Nelson Almeida / AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2016 às 09h23.

São Paulo - No começo da noite de ontem, cerca de 500 pessoas ocupavam o vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, esperando o início do ato contra o ex-presidente Lula e o governo da presidente Dilma Rousseff, segundo estimativa da Polícia Militar.

O protesto foi convocado pelo Movimento Brasil Livre. No trio elétrico levado pelos organizadores, foi colocado um boneco gigante de Lula com roupa de presidiário, conhecido como Pixuleco.

Como o movimento de manifestantes não era grande até as 19 horas, apenas uma pista havia sido interditada. Um efetivo de cerca de 200 policiais militares foi deslocado para acompanhar o ato.

Manifestantes favoráveis e contrários ao PT participaram dos primeiros atos de rua de ontem na frente do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, durante o depoimento do ex-presidente Lula à PF.

Viaturas da Polícia Militar acompanharam o protesto e tentaram impedir que as vias de acesso ao aeroporto fossem fechadas, mas mesmo assim houve bloqueios temporários e confronto entre os grupos.

O número de detidos nos protestos não foi divulgado. Os atos se dividiram entre o saguão principal do aeroporto e o pavilhão de autoridades, com cerca de um quilômetro de distância.

Às 10 horas um grupo de pelo menos 50 pessoas se concentrava na frente da sede da PF para protestar conta o ex-presidente. O aeroviário desempregado André Colosimo foi o primeiro a chegar. Ele levou bonecos infláveis de Lula e da presidente Dilma Rousseff e usava uma máscara do policial federal Newton Ishii. Lula foi chamado de "ladrão" em coro.

O confronto teve início com a chegada do grupo de favoráveis ao ex-presidente. Eles rasgaram cartazes e bonecos plásticos que representavam Lula. Insultos partiram dos dois lados.

Quando o depoimento foi encerrado, os grupos se dirigiram ao pavilhão de autoridades do aeroporto para tentar encontrar o ex-presidente. Um repórter da TV Globo foi hostilizado e impedido de gravar, sob gritos de "golpista". Com a briga, a maior parte dos opositores de Lula deixou o local.

O fluxo de veículos foi interrompido pela primeira vez na Avenida Washington Luís com uma mobilização para disparar fogos no canteiro central da via. Manifestantes carregavam bandeiras no canteiro e chamavam a atenção dos motoristas, que buzinavam.

O protesto também causou lentidão na Avenida Rubem Berta, que chegou a ficar bloqueada por alguns minutos. As operações no aeroporto, no entanto, não foram prejudicado.

Ele e outras autoridades políticas apoiadoras de Lula, como o deputado petista Paulo Teixeira, proferiram discursos em que consideraram "absurda" a ação da Polícia Federal a mando da Justiça do Paraná. Atrás deles, manifestantes traziam cartazes como "Lembrei do Mandela", "Golpe nunca mais" e "Chega de antipetismo no Ministério Público e na PF".

Entre eles estava o cobrador de ônibus Antonio Pedro Souza, de 46 anos. "O que se está fazendo é uma conspiração, uma tentativa de golpe. Um ataque à democracia. O ex-presidente Lula mudou o Brasil para melhor, minha vida melhorou e agora temos acesso a emprego, a educação", disse.

Já no saguão principal do aeroporto, restaram ainda pelo menos dez manifestantes de diversos grupos antipetistas, como o Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua. Eles faziam selfies e gravavam vídeos levantando bandeiras do Brasil.

A aposentada Carmen Lucci, de 65 anos, diz que chegou ao aeroporto às 8 horas. "Viemos para apoiar a ação da polícia. A Lava Jato só existe porque tem apoio da população", disse ela, que afirma não ser de nenhum movimento político específico, mas de "todos". "Sou uma cidadã independente indignada."

Em São Bernardo do Campo (SP), outro grupo de militantes - a maioria ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - permanecia na frente do edifício onde Lula mora à espera do ex-presidente - que chegou ao local depois de discursar no diretório do PT em São Paulo.

Vizinhos tinham visto Lula saindo do prédio por volta das 6 horas da manhã, acompanhado de dois carros descaracterizados. Cerca de uma hora depois, os primeiros manifestantes chegaram ao local, gritando palavras de ordem contra o ex-presidente e apoiando a operação da PF. As viaturas da Polícia Federal chegaram ao local por volta das 8h15.

O primeiro tumulto entre os grupos rivais ocorreu por volta das 7h30, quando um homem de camisa vermelha agrediu um fotógrafo que estava trabalhando no local. A biomédica Karina Alves de Oliveira, moradora próxima do apartamento e grávida de dois meses, que disse ter chegado ao local às 7 horas, afirmou também ter sido agredida.

"Estava acompanhando as últimas notícias da operação, ouvi o helicóptero e vim para cá. O Brasil estava precisando disso, de chegar nele. O País precisa de uma reforma", declarou.

A confusão se intensificou por volta das 10 horas, quando os manifestantes passaram a se agredir com socos e pontapés. Pelo menos três pessoas foram detidas - duas por racismo e uma por tentativa de lesão.

No Recife, cerca de 100 militantes ligados ao PT, PCdoB e simpatizantes do ex-presidente Lula protestaram contra a ação da PF.

"É um golpe contra Lula e as conquistas sociais e (contra) Dilma. A reação do PT, governo e da esquerda demorou muito. Precisamos dar um basta a esse golpe", avaliou o escritor Sidney Rocha, de 50 anos. (Colaboraram Suzana Inhesta e Anderson Bandeira)

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