Alckmin e Ciro: os dois presidenciáveis não estão com pontuação suficiente frente a Bolsonaro e Haddad (Paulo Whitaker/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 3 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 3 de outubro de 2018 às 11h40.
São Paulo - Com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) isolados na liderança das pesquisas eleitorais, o Brasil caminha para um segundo turno com os dois campeões em rejeição.
A pulverização do centro estimulou a criação de um manifesto, divulgado nesta terça-feira (02), por uma chapa única que fortaleça uma terceira via.
"No momento de crise em que vivemos, não podemos arriscar ter o Brasil refém de governos que irão ampliar ainda mais a divisão e polarização do país", diz o texto, que pode ser assinado por qualquer um.
A sugestão é de uma chapa #Alcirina - união das candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) - encabeçada por Ciro, que pontua melhor nas pesquisas.
Em troca da desistência dos adversários, Ciro incorporaria pontos das propostas dos outros candidatos, assim como a garantia que seus partidos teriam posição de destaque em seu governo.
A organização do manifesto informou para EXAME que ele foi enviado para a equipe dos três candidatos, e que pessoas próximas a Ciro já se manifestaram positivamente.
O texto não poupa críticas a Bolsonaro e destaca seu histórico de declarações hostis a vários segmentos da população:
"Se eleito, ele vai apoiar e incitar discursos de ódio que colocam em risco a vida de mulheres, negros e comunidade LGBT, entre outras minorias", diz o texto, apontando que "ele já se manifestou dizendo que não aceitaria outro resultado que não o da sua eleição. Esse é um risco que NÃO podemos correr!".
A ascensão do candidato é interpretada como uma resposta à insatisfação com o período de governo do Partido dos Trabalhadores (PT) com "escândalos de corrupção, favorecimento de empresários amigos do partido e política econômica que levou o país a uma crise da qual ainda estamos nos recuperando."
Uma boa parte dos signatários até agora faz parte do programa Lemann Fellowship, uma iniciativa da Fundação Lemann,
O programa busca a formação de líderes em várias áreas em parceria com universidades de ponta ao redor do mundo.
Mas a carta deixa claro que não representa "o posicionamento da Fundação Lemann ou da totalidade dos Lemann Fellows".
Em setembro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu, em carta, uma união de candidatos à Presidência contra aqueles que apostam em “soluções extremas”.
Para o tucano, a convergência deveria se dar em torno de quem apresentar mais chance de ganhar a eleição.
Enviei carta aos eleitores pedindo sensatez e aliança dos candidatos não radicais. Quem veste o figurino é o Alckmin, só que não se convida para um encontro dizendo “só com este eu falo.”
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) September 20, 2018
Aos 87 anos, o ex-presidente disse que, durante sua vida, esta eleição é um dos “poucos momentos” tão decisivos para o Brasil.