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Greve é contra política econômica, diz conselheiro

A greve dos funcionários da Petrobras "é uma crítica clara e aberta" contra a atual política econômica do governo, diz sindicalista


	Petrobras: mobilização registra impacto expressivo na produção da Petrobras
 (Getty Images)

Petrobras: mobilização registra impacto expressivo na produção da Petrobras (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2015 às 17h23.

Rio de Janeiro - A greve dos funcionários da Petrobras, liderada por petroleiros historicamente ligados ao PT, "é uma crítica clara e aberta" contra a atual política econômica do governo federal, que vai de encontro a questões que sempre foram defendidas pelo atual partido governista, como um maior poder do Estado sobre as riquezas do país.

A afirmação é do sindicalista e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, Deyvid Bacelar, integrante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que apoiou a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

A mobilização, que registra impacto expressivo na produção da Petrobras, com repercussões até nos preços internacionais do petróleo, só será suspensa quando a categoria obtiver sinalização do governo federal sobre uma reformulação do plano de venda de ativos da estatal, segundo o conselheiro. A empresa prevê desinvestimentos de mais de 15 bilhões de dólares até 2016.

"Ninguém aqui está falando em impeachment, golpe. A gente aqui está fazendo uma crítica a um posicionamento equivocado do governo federal que é representado pela presidente (Dilma Rousseff)", disse Bacelar, em entrevista à Reuters nesta quarta-feira.

Afetada por um escândalo de corrupção e atingida pela queda nos preços do petróleo, a Petrobras está no meio de um processo de reestruturação que inclui demissões, cortes de investimentos, despesas e até de alguns benefícios trabalhistas concedidos aos empregados, visando reduzir sua dívida, a maior de uma empresa do setor no mundo. Dessa forma, não é à toa que esta greve na estatal já é considerada a maior dos últimos 20 anos. No último grande movimento grevista, é bom lembrar, a FUP estava à frente contra a quebra do monopólio estatal no setor.

Para o conselheiro, que foi preso no início da semana por suposto desacato a policial durante uma manifestação grevista na Bahia, a atual política econômica "infelizmente replica algumas ações negativas nas estatais e na Petrobras". Segundo ele, a venda de ativos dessas empresas integraria o plano do ajuste econômico comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Os sindicatos também são contra mudanças no modelo de partilha de exploração do petróleo, instaurado pelo governo do PT para que o Estado pudesse se apropriar de uma parcela maior das riquezas do pré-sal. Segundo Bacelar, as negociações com a Petrobras sobre as principais reivindicações não avançaram, e por isso os sindicatos buscam agora negociar diretamente com o governo.

"(O governo vai ceder) sem dúvida nenhuma, porque o limite aqui é começar a desabastecer o mercado e o governo vai querer isso? Eu acho que não", disse Bacelar, que é coordenador-geral do Sindipetro Bahia, filiado à FUP, que por sua vez é ligada a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

O conselheiro explicou que os sindicalistas estão fazendo contato com diversos interlocutores que hoje estão no governo, mas que antes atuaram no movimento sindical, como o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. No entanto, até o momento eles não obtiveram sucesso.

Segundo Bacelar, os sindicalistas contataram também os ministros do Trabalho e da Previdência, Miguel Rossetto, da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e da Educação, Aloizio Mercadante. Além disso, senadores e deputados estão sendo procurados para ajudar nas negociações.

"Tem uma série de incongruências do governo federal, e aí falando da companheira Dilma", afirmou Bacelar, defendendo que o projeto de governo que está em curso pela presidente "na verdade, é o projeto do candidato derrotado (Aécio Neves)".

Como as contas públicas não fechavam e a economia em recessão com inflação em alta, Dilma mudou de forma significativa sua política econômica.

O sindicalista citou declaração recente do ministro da Fazenda, de que a obrigatoriedade de presença da Petrobras em todas as áreas do pré-sal poderá ser revista, com mudanças na Lei de Partilha.

"Infelizmente, o próprio Levy, ministro da Fazenda, traz um apoio à pauta que o PMDB apresenta em relação a esse tema." Mais funcionários da Petrobras aderiram à greve nesta quarta-feira, com o movimento agora atingindo 47 unidades marítimas da Bacia de Campos, a principal produtora de petróleo do Brasil, informou o sindicato.

Na terça-feira, a Petrobras admitiu em um comunicado uma redução de 8,5 por cento na produção diária de petróleo em relação aos níveis anteriores à greve.

A empresa também destacou que o abastecimento está garantido e que tem tomado medidas para minimizar os impactos da greve.

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