Greve dos Correios vai continuar? Sindicatos se reúnem para avaliar proposta da estatal
A proposta do TST é que a greve seja encerrada sem descontos nos salários, com compensação dos dias parados até a normalização da carga postal acumulada
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 09h19.
Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 09h09.
Os cinco sindicatos da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios ( FINDECT ) se reúnem nesta quinta-feira, 22, para deliberar sobre a proposta apresentada pelos Correios e o encerramento da greve.
As entidades dos trabalhadores que vão se reunir são de São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru, Tocantins e Maranhão. Na quarta-feira, 20, uma reunião de mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) foi considerada positiva pela FINDECT. Segundo a Federação, os Correios avançaram nas principais demandas dos trabalhadores.
A proposta do TST é que a greve seja encerrada sem descontos nos salários, com compensação dos dias parados até a normalização da carga postal acumulada. A federação indica que as assembleias devem decidir sobre a proposta hoje e definir o retorno ao trabalho no dia 23 de agosto.
Na reunião, a estatal concordou em reduzir o prazo para a apresentação do relatório final sobre o plano de saúde, de 90 para 60 dias, antecipar R$ 1.000,00, referente ao tíquete Peru de dezembro, para a folha de pagamento de setembro de 2024, com o saldo restante de R$ 1.500,00 a ser pago até o quinto dia útil de janeiro de 2025. O encontro também garantiu o compromisso da empresa em relação às contratações via concurso público. Conforme estabelecido na redação da cláusula alterada durante a reunião no TST, as contratações deverão ocorrer em dezembro de 2024.
Além disso, foram feitos ajustes na cláusula de gratificação de férias. Embora os Correios tenham mantido a exclusão dos novos empregados do pagamento dessa gratificação, a redação da cláusula agora inclui que o cálculo incidirá também sobre abonos e assegura que não haverá prejuízos nas ações judiciais em andamento movidas pelos sindicatos, que reivindicam o pagamento retroativo dessa gratificação.
A greve dos Correios vai afetar entregas?
Cerca de seis dos 36 sindicatos aderiram à paralisação iniciada no último dia 7 de agosto. Os Correios afirmam que 90% da operação está normalizada, com o movimento grevista mais concentrado na região metropolitana de São Paulo e no Rio de Janeiro. A FINDECT diz que, em São Paulo, a paralisação atinge pelo menos 80% dos trabalhadores da área de distribuição, tratamento, logística de transporte e atendimento. O complexo de Santo Amaro, na zona sul da capital paulista, está parcialmente paralisado, segundo trabalhadores de São Paulo que conversaram com a EXAME.
A estatal afirmou que vem adotando medidas para cobrir essas ausências, com horas extras e remanejamento de pessoal, e, por isso, os impactos foram pouco sentidos nos primeiros dias da paralisação — mas, com o passar do tempo, a empresa começa a ter atrasos em determinados tipos de carga.
Por que os trabalhadores dos Correios estão em greve?
O movimento ocorre em meio às negociações da campanha salarial de 2024/2025. Os trabalhadores pedem a redução do custeio do plano de saúde, reajuste salarial imediato e linear, melhorias nos benefícios, reajuste das funções de motorizados e a realização de um concurso público.
Além disso, a categoria exige o adicional de 70% das férias para todos os trabalhadores a partir de agosto, de forma não proporcional e sem garantias de manutenção conforme a proposta aprovada pela outra federação.
Os servidores recusaram uma proposta da empresa, que ofereceu um reajuste linear de R$ 260 (que garante um aumento de até 7,65% para 55 mil empregados), Vale Peru de R$ 2.500, aumento de 20% na função dos empregados que possuem a função “motorizada” — ou seja, motociclistas e motoristas — e aumento de 4,11% nos benefícios a partir de agosto de 2024.
Sobre o plano de saúde, a empresa propôs um processo de alteração do regulamento para redução da coparticipação de 30% para 15%, com previsão de implementação no próximo mês, após a realização dos ajustes necessários para adequação às normas vigentes.
Os Correios afirmam que, apesar da recusa da FINDECT, que representa cinco sindicatos, a FENTECT, que responde por 31 associações estaduais, já oficializou a aprovação da proposta final apresentada pela estatal. A expectativa é que a empresa formalize a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais sobre o tema, conforme previsto na legislação atual, para prosseguir com a assinatura do acordo.