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Greve de caminhoneiros afeta agricultura e indústria

Os caminhoneiros realizam manifestações e bloqueios desde domingo na rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo

Caminhoneiros entram em greve: a indústria de carros também foi atingida, com algumas entregas sendo suspensas (Douglas McFadd/Getty Images)

Caminhoneiros entram em greve: a indústria de carros também foi atingida, com algumas entregas sendo suspensas (Douglas McFadd/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2013 às 17h45.

São Paulo- A greve dos caminhoneiros está afetando o transporte de bens industriais e produtos agrícolas, e já começa a suscitar manifestações de alguns setores afetados após quase uma semana do início da greve.

A União Brasileira de Avicultura (Ubabef) informou nesta terça-feira que o abastecimento de ração para criação de frangos e também o transporte de animais vivos foram prejudicados. O abastecimento de outros produtos agropecuários também está ameaçado.

Os caminhoneiros realizam manifestações e bloqueios desde domingo na rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo.

"Empresas associadas já relataram problemas com o abastecimento de ração para a criação de frangos, com a retenção de centenas de caminhões devido aos bloqueios", afirma Ubabef em nota. "Um descompasso nesse fornecimento é extremamente prejudicial para a produção de uma importante proteína animal." O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. A carne de frango também é a mais consumida no país, com um consumo per capita de 47,7 quilos por habitante ao ano, segundo dados do setor.

"Outro problema grave diz respeito a animais vivos, já que a produção avícola também depende do transporte de pintos de um dia para as regiões produtoras e, posteriormente, de aves vivas para as agroindústrias", afirmou a Ubabef.


Mas não somente setores com bens perecíveis estão sendo prejudicados. A indústria de carros também foi atingida, com algumas entregas sendo suspensas, segundo informou o Sindicato Nacional dos Cegonheiros, por meio de sua assessoria de imprensa.

Regra nova - O protesto de caminhoneiros, iniciado na quarta-feira, é contra uma nova regra do governo, que exige um intervalo de descanso mínimo de 11 horas a cada 24 horas.

Segundo o setor, há poucas áreas de descanso nas principais rodovias, o que inviabiliza o cumprimento da regra. Além disso, a medida também reduzirá o rendimento dos caminhoneiros.

"O impacto é para todo mundo (setores da indústria)... mas ainda é coisa pequena", disse o presidente da União Nacional dos Caminhoneiros, José Araújo China da Silva, após reunião cm o ministro dos Transportes, Paulo Passos.

Segundo Silva, as regiões mais afetadas pelos bloqueios estão no Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Caminhoneiros que tentam furar o bloqueio são ameaçados e alguns veículos são até apedrejados.

Paralisações desse tipo foram realizadas também em outras estradas de São Paulo e no Sul do país.

"Neste momento, os que estão parados nas rodovias e nas suas garagens chegam a 75 por cento", disse o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, antes de encontro com o ministro.

Procuradas pela Reuters, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional dos Transportes (CNT)disseram não ter dados disponíveis sobre o impacto da paralisação nas indústrias.


Com greve, sem negociação - O Os caminhoneiros querem o adiamento por ano da lei que determina, entre outras coisas, o intervalo de descanso.

Mas o governo já sinaliza que não negociará enquanto os trabalhadores mantiverem a greve.

"O governo não vai negociar sob greve", disse Diumar Bueno, presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), que representa 1,2 milhão de caminhoneiros no país, de mais de 2 milhões autônomos.

Segundo ele, o governo pretender apresentar uma resposta às reivindicações no dia 8 de agosto, mas apenas se os bloqueios forem suspensos.

Indústria de frango - A entidade do setor produtor de frangos defendeu em nota que o governo tome medidas para que "se impeça um quadro grave no abastecimento da carne de frango, um dos principais alimentos da mesa do brasileiro".

Os problemas no transporte atingem o setor no momento em que a indústria sofre uma alta de custos, com preços recordes da soja, milho e farelo de soja registrados no mercado internacional em julho, em função da seca que atinge as lavouras norte-americanas.

O presidente executivo da Ubabef, Francisco Turra, iria nesta terça-feira a Brasília para participar de audiência com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. No encontro, ele entregará ao ministro um documento com relato da crise vivida pelo setor devido à pressão de custos.

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