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Governo Temer não consegue apoio popular à reforma previdência

Há temores de que parlamentares pressionados pela ira dos eleitores acabem aprovando uma reforma diluída que não resolveria os problemas

Temer: uma guerra de marketing também está sendo travada em todo o País - e o governo parece estar perdendo (Dado Galdieri/Bloomberg)

Temer: uma guerra de marketing também está sendo travada em todo o País - e o governo parece estar perdendo (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 30 de março de 2017 às 16h10.

Rio de Janeiro/Brasília - Panfletos distribuídos no centro de Brasília estampam monstros sob a capa de um vampiro que lembra muito o presidente Michel Temer.

“Eles querem O SEU SANGUE”, alerta o panfleto. “E sua aposentadoria.”

O governo Temer tem se mostrado capaz de convencer o Congresso, mas não a população. O presidente conseguiu aprovar itens importantes de sua agenda, mas a proposta de reforma da previdência social ameaça deflagrar uma onda de revolta popular faltando apenas 18 meses para as próximas eleições.

Há temores de que parlamentares pressionados pela ira dos eleitores acabem aprovando uma reforma diluída que não resolveria os problemas de longo prazo.

Ainda há "uma desconexão entre a liderança do governo, que reconhece a necessidade de aprovar uma reforma robusta para garantir a recuperação econômica, e suas tropas, que estão compreensivelmente preocupadas com a reação negativa dos eleitores", afirmou um relatório da Eurasia Group publicado em 16 de março.

Temer chegou ao poder prometendo restaurar a credibilidade financeira do país sem se importar com índices de popularidade.

Ele insiste em que não tentará se eleger à presidência em 2018. Sua equipe econômica diz que, sem profundas mudanças na previdência, qualquer contenção dos gastos públicos terá vida curta.

A disparada da Bovespa ao longo do último ano vem perdendo fôlego diante dos sinais de que a reforma pode estar ameaçada.

Mudar o sistema de aposentadoria – ou seja, obrigar as pessoas a trabalharem por mais tempo – raramente rende votos em qualquer lugar do mundo.

Não surpreende, portanto, que a proposta do governo não encontre muito respaldo. Segundo pesquisa realizada no começo de março, 72 por cento da população é contra a reforma e somente 11 por cento é a favor. O resto não expressou opinião.

“Há uma percepção de que o governo perdeu a batalha de comunicação”, disse o líder do PSDB na Câmara de Deputados, Ricardo Tripoli. “Sem detalhar como as mudanças se concretizarão, fica mais difícil superar a oposição.”

Pela proposta de reforma, os jovens brasileiros teriam de trabalhar, em média, sete anos a mais para receber o benefício. Para os contribuintes mais velhos, ainda não se sabe como o período de transição funcionaria.

O plano define a idade mínima de aposentadoria em 65 anos para homens e mulheres e exige pelo menos 25 anos de contribuição. Atualmente, a idade média de aposentadoria no Brasil é de 58 anos.

Guerra de marketing

Os argumentos do governo são sólidos. O raciocínio é que a atual generosidade do sistema custa 13 por cento do PIB – bem acima da parcela média observada nos países desenvolvidos – e gera déficits insustentáveis.

A queda na taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida exacerbam o problema. Pessoas que começam a receber aposentadoria na casa dos 50 anos, como o próprio Temer, também reforçam a necessidade da reforma.

Uma guerra de marketing está sendo travada em todo o País - e o governo parece estar perdendo. A decisão de excluir do pacote militares e, mais recentemente, servidores estaduais e municipais, esvaziou a promessa de que a dor seria compartilhada por todos.

Nos próximos dias, parlamentares que apoiam a reforma serão alvo de uma campanha publicitária bancada por sindicatos.

Até presidentes que desfrutaram de maior popularidade, como Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, não conseguiram ir longe quando tentaram reformar a previdência.

Enquanto a aprovação ao governo Temer está em apenas 10 por cento, a rejeição ao seu plano de reforma está conseguindo unir segmentos da sociedade que não vinham concordando em praticamente nada desde o polêmico impeachment da presidente Dilma Rousseff no ano passado.

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