Governo teme que protestos e greve do dia 28 abalem reformas
Governo quer acelerar a votação da reforma trabalhista por medo de que os deputados mudem de ideia após protestos
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de abril de 2017 às 14h22.
Última atualização em 19 de abril de 2017 às 14h55.
Brasília - O governo vai tentar votar ainda nesta quarta-feira, 19, um novo requerimento de urgência para acelerar a tramitação da reforma trabalhista na Câmara.
A pressa para aprovar o texto passa pelo temor de que as manifestações convocadas pela oposição para o próximo dia 28 façam os deputados da base desistirem de apoiar o projeto.
"Eu estou avisando, se não aprovarem a urgência do projeto, a reforma pode ir para as calendas", disse o relator do texto, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), usando uma expressão que significa adiar algo para uma data que nunca há de vir.
As centrais sindicais convocaram para o próximo dia 28 uma greve geral contra as reformas da previdência, trabalhista e a aprovação da Lei da Terceirização irrestrita.
Um interlocutor do governo afirma que, se a mobilização for muito grande, poderá fazer com que deputados desistam de apoiar as reformas, por medo da pressão popular.
A derrota durante a votação do requerimento de urgência nesta terça-feira, 18, surpreendeu o Palácio do Planalto, que vê a aprovação da reforma trabalhista como um termômetro para o apoio que o governo vai ter nas mudanças da Previdência.
O governo precisava de 257 votos a favor, mas conseguiu apenas 230. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumiu a responsabilidade da derrota e disse que cometeu um erro ao colocar o projeto em votação quando não havia número suficiente de deputados no plenário.
Nesta quarta, ele afirmou que a votação serviu de alerta para a base aliada perceber que precisa "ficar mais atento para não levar susto". O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), começou o dia ligando para líderes da Casa para garantir a aprovação da urgência.
Se não conseguir aprovar o requerimento nesta quarta, a tramitação da reforma deve atrasar, pois o texto terá que seguir prazos regimentais e poderá ser votado na comissão somente daqui a duas semanas.
A ideia do governo, porém, é aprovar o projeto no plenário da Câmara já na próxima semana.