Governo quer evitar novas tragédias com barragens, diz ministro
Segundo Bento Albuquerque, da pasta de Minas e Energia, há avanços na investigação sobre as circunstâncias do rompimento da estrutura da Vale
Natália Flach
Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 14h35.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2019 às 16h54.
São Paulo - Pouco mais de um mês depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), as investigações sobre as causas da tragédia estão em andamento - não apenas pelo Ministério Público e demais instâncias da Justiça - mas também pela Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia.
"O nosso objetivo é prevenir [novas tragédias] e estamos trabalhando para isso de forma bastante intensa. Eu particularmente acredito que vamos lograr [sucesso]", afirma o ministro Bento Albuquerque , em entrevista a EXAME.
"Tenho participado e acompanhado essa história diuturnamente. Já estamos fazendo algum aperfeiçoamento, com emissão de portarias, fruto desse trabalho", acrescenta, sem dar mais detalhes.
O ministro assinou, três dias depois do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, uma portaria que determinava a apuração das circunstâncias que causaram o desastre.Em 11 de fevereiro, foi a vez da ANM instaurar umainvestigação sobre como são realizadas as fiscalizações dessas estruturas e o acompanhamento dos níveis de risco de ruptura “exercidos conjuntamente pelos empreendedores e pelo Poder Público". Os resultados serão informados mensalmente à Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral.
Na terça-feira (26), o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias, Michel Curi, exigiu que a mineradoracomprove que está cumprido as medidas preventivas determinadas pelo Ministério Público de Minas Gerais e pelo governo estadual.
Na decisão, foi estabelecido um prazo de cinco dias para a Vale apresentar a documentação necessária. O prazo começa a contar a partir da intimação da empresa que, em caso de descumprimento, será multada em 1 milhão de reais por dia de atraso.
Segundo informações da Folha de S.Paulo,um dos gerentes da Vale disse, em depoimento às autoridades, que a diretoria executiva da companhia sabia que havia um decréscimo no nível de segurança da barragem.
Até esta quarta-feira (27), há confirmação de 180 mortos na tragédia de Brumadinho, e outras 130 vítimas permanecem desaparecidas. Trabalham nas buscas 128 bombeiros em 14 frentes de trabalho, com apoio de 56 máquinas, uma aeronave e quatro drones, além de quatro cães.